A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, atualmente, um bilhão de pessoas no mundo convivem com algum tipo de doença neurológica, como sequelas do Acidente Vascular Cerebral (AVC), o Parkinson, o Alzheimer e outros tipos de demência. Geralmente associados a pessoas mais idosas, esses transtornos têm afetado também uma parcela mais jovem da população.
Em Passo Fundo e Santa Rosa, o Instituto Umani é referência em neuroreabilitação e utiliza, entre outras tecnologias, a neuromodulação transcraniana que ganhou destaque por ser inovadora e potencializar os resultados das técnicas já consagradas de neuroreabilitação.
Além da tecnologia, o tratamento é focado na pessoa e não na doença, de forma intensiva, planejada e personalizada para cada caso o que é fundamental para melhorar a qualidade de vida de pessoas que convivem com uma doença neurológica ou sequelas decorrentes de alguma lesão adquirida.
O planejamento possibilita, em grande parte dos casos, a recuperação da funcionalidade dos pacientes em situações aparentemente simples, como comer, falar, se locomover ou mesmo vestir uma roupa. Essas tarefas simples são fundamentais para garantir a autonomia das pessoas e possibilitar a elas uma melhor qualidade de vida, conforme destaca a fonoaudióloga e diretora do Instituto Umani, Andréia Estér Puhl.
Neste contexto, a utilização da neuromodulação transcraniana, que tem a capacidade de produzir alterações no funcionamento cerebral, melhora o desempenho do sistema nervoso central e periférico. Essa tecnologia estimula a neuroplasticidade – que é a capacidade do cérebro de reaprender e se reprogramar – e facilita o processo de recuperação, bem como ajuda a conter os avanços de diferentes tipos de demência ou outras doenças neurológicas.
Referência na utilização da neuromodulação transcraniana, o Instituto Umani, presente em Passo Fundo e Santa Rosa, associa a técnica a outras terapias e oferece um tratamento completo para pacientes neurológicos por meio de uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, nutrição, arteterapia e musicoterapia.
Em entrevista, a fonoaudióloga e diretora do Instituto Umani Andréia Estér Puhl, explica o que é a neuromodulação transcraniana e seus benefícios para os pacientes neurológicos. Confira:
Em que consiste a neuromodulação transcraniana, técnica utilizada em associação com outras terapias nos processos de neuroreabilitação?
Consiste em um conjunto de técnicas não invasivas, que são aplicadas sobre a região cerebral que queremos estimular e melhorar a função. Os estímulos podem ser elétricos ou magnéticos e são aplicados na clínica de forma segura e indolor. Por exemplo: em uma pessoa que não fala e não caminha após um AVC ou outra lesão cerebral adquirida, estimulamos a região responsável por essas funções e, associado a outras terapias, aceleramos o processo de recuperação.
A neuromodulação transcraniana também é indicada para auxiliar nos processos de aprendizagem, autismo e depressão, bem como nas doenças crônicas e progressivas, como Parkinson e Alzheimer, com o objetivo de buscar e manter a funcionalidade por mais tempo.
O Instituto de Recuperação Cognitiva e Funcional Umani conta com uma equipe multiprofissional. Como um trabalho em conjunto auxilia nos resultados dos processos de neuroreabilitação de pacientes que tiveram lesões neurológicas e sequelas motoras?
A neuroreabilitação busca a independência funcional da pessoa, seja em casa, no trabalho ou na comunidade. Pedir um simples café na padaria envolve conexões cerebrais robustas e complexas, que são acionadas em rede. E a forma de chegar até essa rede de neurônios é através de terapias combinadas que são pensadas exclusivamente para cada pessoa.
Vamos pensar em uma pessoa que sofreu um AVC e precisa pedir um café na padaria. Essa pessoa precisa saber o que é um café, o que é uma padaria, precisa caminhar até o estabelecimento, atravessar a rua, escolher o tipo de café, saber verificar o preço, efetuar o pagamento, sentar à mesa, levar a xícara até a boca, engolir de forma segura e até que enfim, saborear o seu café. Parece simples, mas, durante esse processo, é fundamental que as redes neuronais sejam estimuladas de forma correta, com planejamento transdisciplinar minucioso, do fisioterapeuta, do fonoaudiólogo, do terapeuta ocupacional, nutricionista, psicoterapeuta e, não menos importante, da família.
Doenças neurológicas, especialmente o Alzheimer, o Parkinson e a demência, envolvem bastante os familiares do paciente, alterando a rotina e intensificando os cuidados. Qual a importância da família nesse processo de neuroreabilitação?
A neuromodulação traz benefícios de melhora das funções motoras, como o caminhar e o engolir, por exemplo, além de melhorar a memória, principalmente no início dos sintomas. Como ocorre uma estimulação dos neurônios, também pode retardar a progressão da doença, deixando o paciente funcional por mais tempo. O papel da família é de extrema importância nesse processo, pois além dos cuidados integrais do dia a dia, é a família que normalmente busca por alternativas de tratamentos e ajuda para que o paciente consiga aderir de forma constante a rotina de terapias até atingir seus objetivos.
A reabilitação verdadeira não ocorre somente dentro do consultório, ela só acontece quando há uma sincronia entre pacientes, terapeutas e familiares na mesma proporção e é por isso que os objetivos e expectativas precisam ser alinhados no início do tratamento, ao que é possível e ao que é viável em cada caso.
Que outros diferenciais a instituição oferece aos pacientes e suas famílias?
O principal diferencial é a personalização dos tratamentos, que são centrados na pessoa e não na doença. Além disso, a equipe é altamente qualificada do ponto de vista técnico. Mas, acima de tudo, capacitada para acolher os pacientes e a família. Dando instrumentos e orientações para cuidadores e família, para que o dia-a-dia seja mais leve nos cuidados de um paciente neurológico. Além disso, estamos sempre em busca de novas tecnologias que são vanguarda na neuroreabilitação, como a neuromodulação transcraniana, neurofeedback, biofeedback, posturografia dinâmica (utilizada para avaliação e tratamento de distúrbios do equilíbrio), o Video Head Impulse Test (para diagnosticar a causa da tontura), além de muitas outras técnicas renomadas mundialmente.