Mesmo que ainda falte pouco mais de um mês para o Feriado Farroupilha, em 20 de setembro, a movimentação por trajes gauchescos já aquece a economia de Passo Fundo. Desde o início de agosto, a procura por artigos que representam a cultura gaúcha aumentou em estabelecimentos comerciais e também com quem produz os materiais.
De acordo com a secretaria de Desenvolvimento Econômico, a estimativa é que a data sazonal movimente até 10% a mais na economia municipal em comparação com outros períodos do ano.
A venda de artefatos gaúchos e também a movimentação gastronômica neste período são o que potencializam o setor econômico, conforme o secretário da pasta, Diorges Oliveira. Na semana de 20 de setembro, tradicionalmente os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) realizam atividades gastronômicas, como café de chaleira, almoços e jantares.
— É uma data tradicional em que não apenas Passo Fundo se mobiliza, mas todo o Estado, com compra de artigos, movimentação gastronômica com restaurantes, bares e os tradicionais cafés de chaleira dos CTGs. Por isso podemos esperar 10% de movimentação [econômica] a mais que outros períodos — afirma.
Segundo o secretário, Passo Fundo possui cerca de 15 lojas especializadas na venda de artigos tradicionalistas, além de outros empreendimentos de vestuário, que também contemplam roupas tradicionais da cultura gaúcha.
Da fábrica para as lojas
No andar debaixo da sua residência, localizada na vila Annes, em Passo Fundo, Luzardo Dias, de 60 anos, produz cintos, guaiacas, aventais, mateiras e outros itens que são populares no mês que cultua o Rio Grande do Sul em uma pequena fábrica. Quase a totalidade da sua produção é comercializada para lojas de artigos gauchescos.
Segundo Dias, os produtos se espalham em lojas da região norte e noroeste, principalmente nas Missões e nos municípios de Soledade, Santa Rosa, Santo Ângelo, Ijuí e Cruz Alta. Neste mês de agosto, as vendas já estão aceleradas. No entanto, esse trabalho começa antes, desde o primeiro semestre do ano.
— A gente passa o ano inteiro produzindo um pouco. De março em diante, começa a aquecer o mercado, com encomendas, compras grandes. Agora, entre julho e agosto, estamos trabalhando direto porque é bastante venda, existe muita procura. A gente, inclusive, precisa ampliar a nossa produção porque a demanda existe e é grande — disse o empreendedor.
Na linha masculina, a guaiaca é a campeã de vendas. Já na linha feminina, os cintos são os produtos mais solicitados. Para os próximos anos, Dias planeja até mesmo abrir um espaço de vendas em frente à fábrica.
— É um campo muito grande [tradicionalismo], que poderia vender bem mais. Quero me estruturar mais para os próximos anos, investir nisso — completa Dias, que trabalho no ramo tradicionalista há cerca de oito anos.
"É a nossa safra", diz loja
Na rua Teixeira Soares, no centro de Passo Fundo, uma loja de artigos tradicionalistas garante já estar com alta procura por itens da vestimenta tradicional dos gaúchos e gaúchas. No local, são vendidos vestidos para prenda, chapéus, botas, alpargatas, cintos, entre outros artefatos.
Para os meses que se aproximam da data, a produção de fábrica aumentou e o quadro de funcionários cresceu. Neste mês de agosto, a costureira da loja produz 20 saias para vestidos femininos por dia. O quadro de funcionários também ampliou de seis para nove neste período.
De acordo com a proprietária da loja, Maria Aparecida Paixão, a expectativa é que as vendas superem o ano passado. Segundo ela, em 2022, ainda havia um resquício da pandemia e nem todos CTGs haviam retornado totalmente.
— A procura já está boa. Este ano, com retorno de CTGs, invernadas, apresentações das escolas, temos uma expectativa grande pelo que já temos visto. A gente acredita que vai ser bem melhor em vendas — declara.
Maria Aparecida relata que agosto também já se mostrou positivo em razão do Dia dos Pais. Antes de entrar no mês, os estoques já estavam cheios uma vez que a preparação para o mês farroupilha começou ainda em fevereiro.
— Saem muitos produtos para presente, para utilização neste período também. A gente brinca que é a nossa safra. A gente planta o ano inteiro para colher neste período — completa a proprietária.