O CTG Sentinela da Querência em Erechim, no norte gaúcho, sedia na noite desta quarta-feira (22), a partir das 19h, o lançamento de livro em homenagem aos 50 anos do grupo Os Monarcas. A entrada é gratuita.
A obra Os Monarcas: 50 anos — Meio século de paixão pela música tradicionalista gaúcha (editora VGraf) conta os primeiros passos dos músicos em 1972, através dos irmãos Francisco Alves Corrêa, o Chiquito, e Nesio Alves Corrêa, conhecido como Gildinho, que morreu em 11 de janeiro aos 82 anos, vítima de câncer.
A banda completou cinco décadas em 2022, mas, segundo Tatiana Santin, empresária dos Monarcas e proprietária da Oigalê Produções e Representações, responsável pela obra, Gildinho afirmava que todo ano deveria ser comemorado. Com esse objetivo, naquele ano surgiu a ideia de criar o livro que conta a história do grupo.
— O seu Gildo nunca quis passar pra gente uma data específica (do aniversário da banda). Ele dizia que foram muitas lidas até chegar nos Monarcas. Então, em comum acordo com os integrantes do grupo, decidimos pela comemoração dos 50 anos dos Monarcas ser o ano todo. Em 2025, o grupo comemora 53 anos de existência — explica a proponente do projeto do livro.
Gildinho acompanhou toda a execução do projeto e atuou como coordenador artístico. A empresária lembra que em outubro o fundador dos Monarcas folheou página por página para questionar toda a produção da obra.
— Ele questionou o motivo do QR Code, o que iria trazer para quem lesse. Dizia: "meu Deus, nessa foto não estou tão bonito, vamos trocar". Então tenho essa tranquilidade: por mais que o sentimento ainda seja de luto, ele viu a obra pronta que o público vai ver a partir de hoje. Ficava muito feliz e me questionava "você achou essa pessoa aonde? Faz muito tempo que não vejo ela" — conta, emocionada.
Pedido especial
O pedido de Gildinho a Tatiana enquanto estava no hospital em dezembro era claro: o livro deveria ser lançado em janeiro deste ano. O motivo era simples, mas especial: janeiro era o mês de aniversário do músico. No dia 18 ele teria completado 83 anos.
— Estava tudo sendo finalizado, só faltavam alguns detalhes. Eu até pedi para esperar mais um tempo, até que se recuperasse. Ele me disse que tinha a obrigação de realizar esse lançamento. Então a data não foi escolhida por mim, mas por ele — conta.
Além de Chiquito, amigos pessoais, integrantes da banda, e outras personalidades como Baitaca, Mano Lima, João Luiz Corrêa e Michel Teló participaram dos depoimentos para a obra.
A jornalista responsável pelo texto, Maria Lúcia Carraro Smaniotto, afirma que se sente honrada em ter sido chamada para realizar o trabalho. Segundo ela, a história de Gildinho e da banda é um exemplo de resiliência para muitos músicos.
— Ele começou praticamente do nada, com uma gaita nas costas, e foi fazendo os programas de rádio, seguiu para os bailes, teve até que tocar em bailes de Carnaval no início para fazer um nome e conseguir se manter na música gaúcha. É uma obra para ficar na história e um exemplo de vontade de vencer e não desistir — pontua.
Lembranças de uma vida
Integrante dos Monarcas há 33 anos, Francisco de Assis Brasil, ou Chico Brasil, foi um dos entrevistados pela jornalista Maria Lúcia.
Entre tantas histórias marcantes da banda, ele lembra das idas aos Estados Unidos em 2006 e 2018. O grupo passou por lugares como Boston, Orlando e Tampa, cidade coirmã de Porto Alegre.
— Na segunda vez a gente começou a tocar e tinha muita gente na frente do palco. Foi muito comovente. O pessoal que mora lá sente saudade da tradição. Alguns queriam até comprar nossas botas e bombachas, eles lembram de parentes, amigos e da própria cultura — disse.
Para ele, a obra de 50 anos do grupo é uma forma de registrar a história dos Monarcas com fotos e depoimentos de músicos que começaram a banda, como Chiquito.
— Infelizmente não dá pra sentir como é um baile no livro, que nós vivemos nos finais de semana, mas foi uma forma de sintetizar as lembranças dos Monarcas — disse.