Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil
O mês de julho trouxe uma ótima notícia para o setor produtivo. E o seu protagonista é a silvicultura. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 1366/22, que retira a atividade da lista de práticas potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais. O texto ainda vai passar por outras instâncias na esfera legislativa. Mas, sem dúvida, trata-se de um avanço rumo à desburocratização de uma das mais eficientes estratégias de reflorestamento e geração de riqueza ao meio rural.
Com a desburocratização da silvicultura, o país marca dois pontos: um na economia e outro no meio ambiente
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente enumera 20 atividades que demandam um olhar especial por parte do licenciamento ambiental – devido à sua interferência na natureza. Além do crivo mais detalhado, todas devem arcar com taxas de controle e fiscalização relacionadas ao Ibama. Ou seja, uma realidade repleta de entraves produtivos. A exclusão da silvicultura desse grupo faz todo sentido, uma vez que são diversos os benefícios ambientais de investir em florestas plantadas – um dos principais deles é o sequestro de carbono (CO2eq) da atmosfera.
O Brasil emitiu cerca de 2,2 bilhões de toneladas de gás carbônico em 2020, último dado disponível pelo Observatório do Clima. Há duas formas de mitigarmos as emissões desses gases causadores do efeito estufa. A primeira é combater a sua emissão, um desafio que requer o engajamento de todos os segmentos da sociedade. A segunda é aumentar a quantidade de florestas plantadas, que capturam carbono do ar no processo de fotossíntese.
A indústria florestal brasileira conta com 9 milhões de hectares plantados, responsáveis por absorver 1,88 bilhões de CO2eq – próximo de 90% das emissões atuais. O cálculo é da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), uma associação dedicada à análise do setor. Incrementar essa base por meio da silvicultura é apostar na sinergia entre sustentabilidade e indução econômica.
O manejo florestal agrícola otimiza o faturamento das propriedades rurais, pois diversifica as fontes de receita e preenche calendários de entressafra. É um complemento que não concorre com outros tipos de cultura, expandindo as fronteiras do ecossistema produtivo. Com a desburocratização da silvicultura, o país marca dois pontos: um na economia e outro no meio ambiente.