O Brasil já passou por inúmeras crises políticas e econômicas, mas com esse "ingrediente" moral da que passamos atualmente, penso ser a nossa estreia. As discussões se limitam a "quem rouba menos?", "quais as propostas que podemos levar a sério?", "quem faz o que promete?". Em resumo: em quem podemos confiar? O fato é que deixamos a crise moral ganhar uma proporção maior do que as demais. E isto, agora, é irremediável.
A cada ano, mais partidos políticos são criados. A maioria digna de riso. Estão em busca de um espaço político e de uma representatividade que não existe e de uma verba partidária generosa que, esta sim, existe. Os hotéis de Brasília estão sempre lotados, abarrotados de governadores e prefeitos de todos os Estados do país em busca de verbas que geralmente são migalhas ou promessas que nunca serão cumpridas. Tudo isso porque concentramos no governo federal mais de 60% de todos os tributos que arrecadamos. Ou seja, os impostos que pagamos imaginando ser para melhorar a nossa cidade, o nosso bairro, nossa rua, estão, a maior fatia, com a União.
Enquanto isso, o déficit da previdência no Brasil já gira em torno de R$ 100 bilhões. O jovem que entra hoje no mercado de trabalho já começa a sua carreira com a incerteza de um dia poder se aposentar. Não falta muito para virar uma certeza: não conseguirá. Irá trabalhar até morrer. É imperativo alterar a idade mínima para aposentadoria. Não podemos ter trabalhadores se aposentando aos 50 anos de idade, ou menos, enquanto a expectativa de vida do brasileiro, felizmente, se aproxima dos 80. Já temos exemplos de pessoas que estão há mais tempo inativas do que estiveram trabalhando.
O básico da economia, que não é reforma e sim lógica, é a despesa menor do que a receita. Quando iremos adotar no poder público esta obviedade? Lamento o fato de não termos amenizado esta conjuntura previamente, com ações políticas e econômicas. Espero, para o bem do país, que as decisões em relação ao futuro sejam rápidas.