
Se na semana passada falamos que é preciso criatividade para vencer o desemprego, nesta semana vamos falar de uma forma para empreendedores vencerem a crise: cooperando! Uma cooperativa é uma associação de pessoas com interessem em comum. Sozinhas estas pessoas são muito pequenas, mas em grupo, podem formar uma grande organização e gerar lucro para todos.
Foi o que aconteceu com o Colégio Concórdia, em Porto Alegre. Em 2000 a escola ia fechar por falta de recursos. O administrador Valdir Feller encontrou no cooperativismo uma forma para manter a instituição em funcionamento. Após 16 anos, ele enumera as melhorias - a estrutura física foi revitalizada, equipamentos renovados, a proposta pedagógica foi atualizada e hoje é referência. Professores e funcionários tem renda e benefícios maiores que quando eram empregados. “Eu tenho dito sempre que o cooperativismo é filho da crise. As pessoas não se unem quando tudo vai bem. Nos unimos na crise para buscar uma solução às nossas necessidades profissionais e de renda para manter nossas famílias”, destacou Feller.
A cooperativa Nova Aliança, na Serra Gaúcha, é mais nova ainda. Nasceu em 2010, unindo cinco pequenas cooperativas. Hoje tem uma das plantas mais modernas da América latina, com cerca de 900 associados e emprega mais de 200 pessoas. Vendendo sucos, vinhos e espumantes, o faturamento passou de 50 para R$ 160 milhões em cinco anos, e tem previsão de crescimento ainda maior, conforme o presidente Alceu Dalle Molle: “Foram uma série de ganhos que nós tivemos nesse processo. Temos um grande projeto nas mãos que temos que coloca-lo em linha de crescimento para os próximos anos. Não temos outra alternativa a não ser crescer”, comemora.
Num país com 12 milhões de desempregados e empresas fechando as portas todos os dias, o cooperativismo vai na contramão da crise. O sistema segue em crescimento e pode ser a solução para vencer a recessão, segundo o presidente do Sistema Ocergs/Sescoop/RS, Vergilio Frederico Perius: “O que mais gera mão-de-obra é o plano habitacional. Para cada metro quadrado, podemos arrumar três postos de trabalho. O governo Federal deveria incentivar, por exemplo, com muita força, cooperativas habitacionais para que os desempregados possam construir as casas e aprender uma profissão. Isso tudo é cooperativismo na práxis”, conclui o presidente.
Entre as vantagens em ser uma cooperativa, estão a capacitação dos atores, a possibilidade de fazer compras de forma coletiva e com isto conseguir preços menores, garantia de sua produção será vendida e assistência técnica especializada. Mas o principal é que o lema é melhoria da qualidade de vida dos cooperados e não simplesmente lucrar. O lucro vem com o esforço por um bem comum e não por uma visão mercantilista.
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