Preso durante a operação Lava Jato da Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef aceitou, pela primeira vez, negociar uma possível delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). O acordo, contudo, ainda não foi firmado. O pedido de familiares foi o que mais influenciou na decisão do réu, que já rejeitou propostas de delação ao menos duas outras vezes.
O advogado Antônio Augusto Figueiredo Bastos, que coordena a defesa de Youssef, diz que, nesta quarta-feira (24) a equipe começa a analisar a possível negociação. Ele, no entanto, não deverá mais defender o doleiro no processo da Lava Jato, caso o acordo de delação seja firmado, assim como o colega Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Para Bastos, não há segurança jurídica neste tipo de acordo e a defesa teria grandes chances de sucesso neste processo sem que o doleiro se comprometesse.
Alberto Youssef foi preso em março como peça-chave de um esquema de lavagem de dinheiro, que tinha a participação do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que aceitou a delação premiada. A suposta ligação dos deputados federais André Vargas (sem partido) e Luiz Argôlo (SD-BA) com o doleiro levou os parlamentares a responder processo no Conselho de Ética da Câmara. O esquema descoberto pela PF envolvia tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.
O doleiro foi condenado na semana passada por fraude no antigo Banco do Estado do Paraná (Banestado). O processo estava arquivado desde 1998, em razão de um acordo de delação premiada que ele fez com a justiça, mas foi reaberto após a PF identificar envolvimento dele em outros esquema durante investigações da Lava Jato.