O encontro do Papa com jovens católicos, criado na década de 1980 por João Paulo II, só uma vez reuniu mais gente do que a edição brasileira. E nunca antes, a organização do evento precisou lidar com a renúncia do pontífice no meio dos preparativos, como ocorreu em fevereiro desse ano por decisão de Bento XVI. O fato é que no Rio de Janeiro, em julho, foi o Papa Francisco quem revelou uma face da religião católica que muitos desconheciam, ou pelo menos não lembravam: a Igreja próxima das pessoas, independente da condição de cada um.
A mensagem, ao que parece, foi compreendida. No último dia do evento, o mar de gente que tomou as areias da Praia de Copacabana para ver o Papa somou 3,8 milhões de pessoas. Esse número superou bastante a estimativa que se tinha em maio, quando comecei a escrever o blog A Caminho da JMJ preparando a cobertura da Rádio Gaúcha e a participação no evento.
“ O que vi em uma semana seguindo os passos do Papa foi um homem preocupado em tirar a Igreja de um pedestal e recolocá-la nas ruas”
O que vi em uma semana seguindo os passos do Papa, debaixo de muita chuva e frio - mesmo para uma gaúcha - foi um homem preocupado em tirar a Igreja de um pedestal e recolocá-la nas ruas. Mostrou isso logo na chegada, quando optou por um passeio em carro aberto pela Cinelândia antes de chegar às boas-vindas formais no Palácio da Guanabara.
Teve protestos, claro. Teve problemas de infraestrutura, sim. Mas em número muito superior, houve tolerância e gargalhadas de jovens do mundo todo.
Nem a escassez de banheiros e de transporte público tirou a disposição dos chamados "peregrinos" que dormiam até na areia para ver e ouvir o representante maior da Igreja. Francisco termina 2013 como o "homem do ano" para a conceituada revista Time. Talvez tenha se feito entender. Sim, o Papa é apenas um homem.
Restrospectiva 2013 - Linha do tempo