
A morte do Papa Francisco, aos 88 anos, no dia 21 de abril, desencadeou um dos processos mais antigos e tradicionais da Igreja Católica: a escolha do novo pontífice.
O conclave, reunião reservada dos cardeais da Igreja, terá início no dia 7 de maio no Vaticano e vai até o dia 11, segundo anúncio feito pela Santa Sé na última segunda-feira (28).
A palavra conclave vem do latim cum clavis — “com chave” — e remete ao isolamento absoluto imposto aos cardeais eleitores, trancados dentro da Capela Sistina até que haja uma decisão.
Eles são proibidos de se comunicar com o mundo externo e ficam hospedados na Casa Santa Marta, a mesma onde Francisco optou por viver em vez do Palácio Apostólico.
Quantos votos são necessários para eleger um novo papa?
Tecnicamente, qualquer homem católico batizado e elegível para a ordenação sacerdotal poderia se tornar papa. Na prática, porém, desde 1379, a eleição recai exclusivamente sobre membros do Colégio de Cardeais com menos de 80 anos.
Eles são os únicos autorizados a votar e, também, os que figuram entre os possíveis escolhidos.
Embora o Colégio de Cardeais tenha 252 membros, apenas 133 serão convocados para o conclave. Para ser eleito papa, será necessário obter ao menos 89 votos, correspondente a uma maioria qualificada de dois terços dos cardeais votantes.
São sete cardeais brasileiros que participam da votação:
- Dom Odilo Pedro Scherer
- Dom Orani João Tempesta
- Dom Sérgio da Rocha
- Dom João Braz de Aviz
- Dom Paulo Cezar Costa
- Dom Leonardo Ulrich Steiner
- Dom Jaime Spengler
Como funciona a votação no conclave?

O conclave é um rito milenar em que os cardeais se reúnem para eleger o novo pontífice. O processo ocorre na Capela Sistina, sob absoluto sigilo.
No primeiro dia do conclave, ocorre a missa Pro Eligendo Pontifice, celebrada na Basílica de São Pedro.
À tarde, os cardeais caminham até a Capela Sistina entoando o hino Veni, Creator Spiritus e fazem um juramento coletivo de sigilo e obediência. Após isso, são trancados para o início das votações.
Durante o conclave, podem ser realizadas até quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde. Os votos são secretos e escritos manualmente.
Cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido, dobra a cédula e a deposita numa urna especial. Se nenhum nome atingir dois terços dos votos, as cédulas são queimadas junto a um composto químico que gera fumaça preta – sinal de que ainda não há papa.
Fumaça branca

Caso o número necessário de votos seja alcançado, as cédulas são queimadas sem o aditivo, e uma fumaça branca é vista saindo da chaminé da Capela Sistina, informando ao mundo que o novo líder da Igreja foi escolhido.
O eleito é então questionado: "Aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?" Em caso afirmativo, deve escolher o nome com o qual será conhecido.
Após aceitar, o novo papa vai à chamada “Sala das Lágrimas”, onde veste pela primeira vez os paramentos papais.
Em seguida, ele é apresentado ao público por um cardeal na sacada da Basílica de São Pedro, com o anúncio tradicional: Habemus Papam.
Como foi o conclave que elegeu Francisco?
A eleição de Jorge Mario Bergoglio em 2013 foi marcada por um contexto inédito: a renúncia do Papa Bento XVI, ocorrida em fevereiro daquele ano.
Com apenas um mês de preparação, os cardeais chegaram ao conclave sem tempo para articulações prolongadas, o que abriu espaço para surpresas.
No início, os favoritos eram o italiano Angelo Scola, o canadense Marc Ouellet e o brasileiro Dom Odilo Scherer. Bergoglio não estava entre os mais cotados. No entanto, já na primeira votação ele apareceu com 26 votos, enquanto Scola teve 30.

Ao perceberem a força e o simbolismo de trajetória pastoral austera e voltada aos pobres de Bergoglio, os cardeais passaram a vê-lo como uma alternativa de renovação para a Igreja.
Na segunda rodada, recebeu apoio crescente e acabou eleito com maioria qualificada. Foi o primeiro papa da América Latina, o primeiro jesuíta e o primeiro a adotar o nome Francisco, em referência a São Francisco de Assis.
Quem foi o papa Francisco?

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 1936, Francisco foi o primeiro papa jesuíta da história e o primeiro do continente americano.
Escolheu o nome em homenagem a São Francisco de Assis, símbolo da humildade e da defesa dos pobres. Ao longo de seu pontificado, buscou modernizar a Igreja, aproximá-la de temas sociais e promover o diálogo inter-religioso.
Sua morte, aos 88 anos, foi confirmada pelo Vaticano no início de abril. Ele vivia na Casa Santa Marta, uma residência mais modesta dentro do Vaticano, e não no tradicional apartamento papal.
O legado inclui avanços na transparência financeira do Vaticano, a criação de sínodos regionais e um forte compromisso com a causa ambiental, expresso na encíclica Laudato Si'.