O Irã está aberto aos investimentos americanos, mas se opõe a qualquer tentativa de mudança de regime, declarou o presidente Masud Pezeshkian, nesta quarta-feira (9), antes das raras conversas entre os dois países sobre o programa nuclear iraniano.
Irã e os Estados Unidos, que não mantém relações diplomáticas há quatro décadas, devem se reunir no sábado em Omã sobre o programa nuclear da República Islâmica.
Washington apresentou esta reunião como um contato "direto" com autoridades iranianas, enquanto Teerã classificou as negociações como "indiretas".
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, o principal responsável pelas decisões no Irã, "não tem objeções à presença de investidores americanos no país", afirmou Pezeshkian durante um discurso transmitido pela televisão estatal.
No entanto, "nos opomos às suas políticas equivocadas, incluindo conspirações e tentativas de mudança de regime", enfatizou, referindo-se aos Estados Unidos.
As autoridades iranianas há muito tempo acusam Washington de estar por trás de tentativas de interferência e desestabilização, desde a Revolução islâmica de 1979 que levou à derrubada da monarquia Pahlavi, apoiada pelos Estados Unidos.
Em dezembro, o então secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken declarou que as tentativas de mudança de regime no Irã "não foram realmente muito bem-sucedidas".
As potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, vêm acusando o Irã de querer adquirir armas atômicas há décadas. Teerã rejeita as alegações e assegura que seu programa nuclear é apenas para fins civis.
Donald Trump enviou uma carta aos líderes iranianos, no mês passado, pedindo negociações sobre seu programa nuclear, com vistas a substituir o acordo internacional anterior, que fracassou após a retirada dos Estados Unidos em 2018.
No entanto, também ameaçou bombardear o Irã se a diplomacia falhasse e impôs sanções adicionais contra seu setor petrolífero.
O acordo de 2015 levou ao retorno do investimento ocidental no Irã e o fim do isolamento do país no cenário internacional, em troca de uma estrutura para suas atividades nucleares.
No entanto, as empresas americanas ficaram, em grande parte, fora do mercado iraniano.
"Não permitiremos a infiltração econômica americana em nosso país, nem sua presença política, nem sua infiltração cultural", declarou o líder supremo do Irã, em 2015, após assinar o acordo.
* AFP