
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu nesta sexta-feira (28) estabelecer uma "administração transitória" na Ucrânia sob a tutela da Organização das Nações Unidas (ONU) para organizar uma eleição presidencial "democrática" e negociar depois um acordo de paz com as novas autoridades de Kiev.
— Poderíamos, claro, discutir com os Estados Unidos, até mesmo com países europeus e, claro, com nossos parceiros e amigos, sob a tutela da ONU, a possibilidade de estabelecer uma administração transitória na Ucrânia — sugeriu Putin.
Em meio a manobras do governo dos Estados Unidos para tentar acabar rapidamente com mais de três anos de conflito, Putin também afirmou que as suas tropas "tomam a iniciativa" em toda a frente de batalha e expressou confiança em "acabar" com o exército ucraniano.
O chefe de Estado russo assegurou que "no âmbito das atividades de manutenção da paz da ONU, já se recorreu diversas vezes a uma administração transitória".
As declarações durante uma visita a Murmansk, no noroeste da Rússia, aconteceram após quase uma semana de contatos diplomáticos dos Estados Unidos com delegações dos dois países na Arábia Saudita. Após as reuniões em Riade, o governo dos EUA anunciou na terça-feira (25) um acordo para conter as hostilidades no Mar Negro, mas a Rússia posteriormente estabeleceu condições como o fim das sanções ocidentais contra Moscou.
Reunidos na quinta-feira (27) em Paris, os aliados europeus de Kiev descartaram o fim das sanções contra Moscou e também discutiram possíveis "garantias" de segurança para a Ucrânia, embora sem um consenso sobre o eventual envio de tropas de manutenção da paz.
Em seu encontro durante a madrugada com militares russos em Murmansk, Putin destacou que as suas tropas "têm a iniciativa estratégica" em toda a linha de frente.
— Estamos seguindo progressivamente, talvez não tão rápido quanto gostaríamos, mas com insistência e certeza, para alcançar todos os objetivos anunciados no início da ofensiva em fevereiro de 2022 — assegurou.
Na época, a Rússia justificou a sua operação com a necessidade de "desmilitarização" e "desnazificação" da Ucrânia, cujas aspirações de integrar a Otan são consideradas uma ameaça por Moscou.