
O papa Francisco, hospitalizado com pneumonia dupla, passou uma noite "tranquila", informou o Vaticano nesta quinta-feira (6), horas após informar que seu estado era "estável", embora seu quadro clínico permanecesse "complexo".
"A noite foi tranquila. O Papa ainda está descansando", disse a Santa Sé em uma breve declaração pela manhã sobre o jesuíta argentino de 88 anos, que está internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro.
O líder dos 1,4 bilhão de católicos do mundo foi hospitalizado com bronquite, que levou a uma pneumonia dupla, e desde então sofreu várias crises respiratórias, a última delas na segunda-feira (3).
O último relatório médico, divulgado na noite de quarta-feira (5), indicou que o Pontífice, cujo quadro é "estável", não sofreu novas recaídas e alternava "repouso e trabalho".
Para ajudá-lo a respirar, Jorge Bergoglio teve de usar uma máscara de oxigênio pela terceira noite consecutiva, que ele troca durante o dia por uma cânula nasal de alto fluxo, um suporte mais leve.
"Devido à complexidade do seu quadro clínico, o prognóstico permanece reservado", acrescentou o relatório médico.
Francisco, que recentemente descartou a ideia de renunciar como fez seu antecessor Bento XVI em 2013, esteve ausente da missa principal de imposição das cinzas na quarta-feira, que marca o início da Quaresma.
Este ritual ativou a contagem regressiva de quarenta dias para a Páscoa, o feriado mais importante do calendário católico, e ainda não se sabe se o Pontífice, que recebeu as cinzas no hospital, ainda estará hospitalizado até lá.
Hospitalização mais longa do Papa
Esta é a internação mais longa do pontificado de Francisco, que não aparece em público desde que foi hospitalizado e perdeu a oração do Angelus nos últimos três domingos, algo inédito desde a sua eleição em 2013.
A equipe médica do Papa não se pronunciou sobre quanto tempo ele permanecerá internado, o que gera inquietação entre os fiéis.
Na terça-feira (4), fiéis argentinos colocaram diante do hospital uma estátua de Nossa Senhora de Luján, com um véu azul e branco, para a qual Francisco costumava rezar em peregrinação quando era arcebispo de Buenos Aires.
Pedidos de oração e apoio de fiéis
Diante do hospital Gemelli, que já tratou da saúde de diferentes pontífices, muitos fiéis se aproximaram para acender velas com o rosto de Francisco em sinal de apoio. A Igreja pediu a todos os católicos do mundo que rezem pela saúde do Papa.
Apesar dos frequentes problemas de saúde dos últimos anos — entre eles, de quadril e dores no joelho que o obrigam a se locomover em cadeira de rodas, operações e infecções respiratórias —, Francisco manteve uma agenda cheia e declarou que não tem a intenção de reduzir o ritmo de trabalho. Os médicos insistem que ele deveria interromper um pouco as atividades.
Histórico de hospitalizações
A internação do Papa, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu o debate sobre a sua saúde, especialmente porque ela ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, o que significa uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo Pontífice.
Antes da internação, Francisco pareceu debilitado, com o rosto inchado e a voz entrecortada. Ele delegou em várias ocasiões a seus assistentes a leitura de seus discursos.
Desde a sua eleição, o argentino sempre deixou aberta a opção de renunciar caso a saúde o impedisse de continuar desempenhando as suas funções, como fez o seu antecessor, Bento XVI, o primeiro Papa desde a Idade Média a renunciar, alegando problemas de saúde.