
O Papa Francisco deixou de usar uma máscara de oxigênio, anunciou o Vaticano nesta quarta-feira (19). A Santa Fé confirmou também que as condições clínicas do Pontífice, de 88 anos, estão "melhorando" após mais de um mês hospitalizado.
Além da suspensão da ventilação mecânica não invasiva, com a máscara, o boletim médico indicou ainda que foi "reduzida a necessidade de oxigenoterapia de alto fluxo". Também houve sinalização de progressos na fisioterapia motora e respiratória.
Apesar da evolução, a pneumonia de Francisco não foi "eliminada", mas está "sob controle", segundo a assessoria de imprensa do Vaticano. Com isso, ainda não há previsão de alta.
O jesuíta argentino está internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro devido a uma pneumonia em ambos os pulmões. Após um período crítico marcado por crises respiratórias que geraram preocupação sobre sua vida, a Santa Sé informou sobre recentes progressos.
Nesta manhã, o Papa celebrou, do hospital, a Santa Missa na solenidade de São José.
Evolução
Após uma série de crises respiratórias, a respiração do pontífice melhorou na última semana, e o Vaticano declarou na segunda-feira (16) que ele estava passando "breves momentos" sem necessidade de oxigênio adicional.
Durante o dia, utiliza uma cânula nasal para receber oxigênio a alto fluxo, que os médicos estão reduzindo. Até esta semana, o Papa vinha usando uma máscara de oxigênio, mas na terça-feira o Vaticano disse que ele conseguiu ficar sem o dispositivo pela primeira vez.
Em 10 de março, seu prognóstico deixou de ser reservado. Apesar de sua recente melhora, a Santa Sé ainda não comunicou quando ele poderá receber alta do hospital. No fim de semana, informou que o jesuíta ainda precisa continuar recebendo terapias no centro médico.
Primeira aparição

O Vaticano divulgou no domingo (16) a primeira imagem do papa Francisco desde a hospitalização, em 14 de fevereiro, por problemas respiratórios. A imagem mostra o jesuíta argentino sentado e levemente curvado diante do altar de sua capela privada.
"Esta manhã, o papa Francisco concelebrou a santa missa na capela do apartamento do décimo andar do hospital Policlínico Gemelli", informou a Santa Sé.
Até agora, a única mensagem direta de Francisco, que ainda não apareceu em público, foi um breve áudio divulgado em 6 de março. Nele, com voz cansada e respiração entrecortada, ele agradeceu aos fiéis por suas orações.
"Estou atravessando um momento de provação", escreveu Francisco neste domingo na tradicional mensagem do Angelus, que, pela quinta semana consecutiva, foi enviada por escrito, pois ele ainda não pode pronunciá-la em público.
"Nosso físico está fraco, mas, mesmo assim, nada pode nos impedir de amar, rezar", acrescentou.
Renuncia
Apesar de sua recuperação, continuam as especulações sobre a possibilidade de que ele renuncie ao cargo devido à sua fragilidade, seguindo o exemplo de seu antecessor, Bento XVI.
No entanto, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, número dois da Santa Sé, afirmou na segunda-feira que, em nenhum momento, a renúncia do Papa foi considerada:
— Não, não, não, de forma alguma — respondeu de maneira categórica.
Na última terça-feira (12), ele relançou seu grande projeto de reformas para o futuro da Igreja, com foco na maior descentralização e na participação dos leigos, projetando-se até outubro de 2028, quando está prevista a assembleia final do sínodo.
Apoio ao Papa
As demonstrações de apoio a Francisco continuam. A Maratona de Roma guardou neste domingo 42 segundos de silêncio em homenagem ao primeiro papa latino-americano, que reiterou seu agradecimento às pessoas que oram por sua saúde e ao corpo médico que o assiste.
Aos pés da estátua de João Paulo II, que domina a entrada do hospital, dezenas de crianças com balões amarelos e brancos gritaram "papa Francisco, papa Francisco!", na esperança de que suas vozes chegassem ao apartamento papal no 10º andar.
"Obrigado, queridos filhos! O papa os ama e sempre espera encontrá-los", escreveu Francisco em sua mensagem, pedindo ainda orações pela paz na "martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Mianmar, no Sudão e na República Democrática do Congo".
Histórico de hospitalizações
A internação do Papa, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu o debate sobre a sua saúde, especialmente porque ela ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, o que significa uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo Pontífice.
Antes da internação, Francisco pareceu debilitado, com o rosto inchado e a voz entrecortada. Ele delegou em várias ocasiões a seus assistentes a leitura de seus discursos.