
A oposição de centro-direita venceu as eleições legislativas desta terça-feira (11) na Groenlândia, marcadas por apelos nacionalistas por uma rápida independência da Dinamarca para a ilha ártica cobiçada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Embora nem todos os votos tenham sido contados, os democratas, um partido autoproclamado "social-liberal" que defende a independência, ganharam com uma liderança incontestável, informou a televisão KNR.
Nunca antes as eleições na Groenlândia despertaram tanto interesse internacional, dado o desejo de Trump de intervir no território. Coberta 80% por gelo, esta vasta ilha ártica tem hidrocarbonetos e minerais importantes para a transição energética que desperta a cobiça de Trump.
"Respeitamos os resultados das eleições", respondeu o primeiro-ministro Mute Egede, líder do partido Inuit Ataqatigiit (IA), à KNR. O partido Siumut, seu aliado social-democrata na atual coalizão governamental, reconheceu a derrota. Como nenhum dos partidos está em condições de garantir a maioria nas 31 cadeiras do parlamento, eles terão de negociar para formar uma aliança.
Esta coalizão deve delinear os procedimentos e o cronograma que levarão à independência desejada pela maioria de sua população.
O presidente dos EUA, convencido de que pode assumir o controle deste território autônomo dinamarquês "de uma forma ou de outra", vem tentando influenciar essas eleições até o último minuto para renovar os 31 deputados do Inatsisartut, o parlamento local.
Além da questão com o presidente dos EUA, os debates eleitorais se concentraram em saúde, educação e relações com a Dinamarca, que mantém poderes diplomáticos, militares e monetários sobre a ilha do Ártico.
Independência sim, mas quando?
Os habitantes da Groenlândia muitas vezes se sentem tratados como cidadãos de segunda classe pela antiga potência colonial, da qual todos os principais partidos buscam a independência. No entanto, o consenso é instável quanto ao cronograma: os nacionalistas de Naleraq querem que isso seja feito rapidamente, mas os membros da coalizão do governo estão condicionando isso ao progresso econômico.
Atualmente, o território depende economicamente da pesca, que responde por quase todas as suas exportações, e da ajuda anual de cerca de 530 milhões de euros fornecida por Copenhague, o que representa 20% do PIB local.
Os separatistas mais impacientes acreditam que a Groenlândia se tornará autossuficiente por meio da exploração de seus recursos minerais, especialmente elementos de terras raras. No entanto, suas reservas são modestas, e o setor de mineração ainda está em fase inicial, prejudicado pelos altos custos operacionais causados pelo clima rigoroso e pela falta de infraestrutura.
O "imprevisível" Trump
Depois de lançar a ideia de comprar a ilha durante o seu primeiro mandato, que foi rejeitada pelas autoridades dinamarquesas e groenlandesas, Trump voltou à ideia nos últimos meses.
Sem descartar o uso da força, o magnata republicano reitera repetidamente o seu desejo de tomar esse território, considerado importante para a segurança americana contra a Rússia e a China.
Na noite de domingo (9), horas antes do início da votação, Trump novamente prometeu segurança e prosperidade em sua rede Truth Social aos groenlandeses que desejam "fazer parte da maior nação do mundo". No entanto, de acordo com uma pesquisa publicada em janeiro, 85% dos groenlandeses rejeitam essa opção.