Mil pessoas tiveram que sair de suas casas na manhã desta segunda-feira (10) após uma nova erupção do Vulcão de Fogo, na Guatemala, 35 km a sudoeste da capital, colocando em risco cerca de 30.000 moradores de áreas próximas, segundo as autoridades.
Com mochilas e sacolas contendo roupas e alimentos, famílias inteiras, incluindo várias crianças, deixaram El Porvenir e Las Lajitas, no município de Alotenango, para se refugiar na Prefeitura, a cerca de 10 km de distância, ou em casas de parentes ou amigos.
"Ontem à noite ouvimos ruídos e depois uma forte erupção. Temos fé em Deus que a atividade do vulcão vai se acalmar em breve", disse à AFP Manuel Cobox, de 46 anos. Ele foi evacuado de El Porvenir para o abrigo temporário com sua esposa e três filhas.
O colosso de 3.763 metros de altura está localizado entre os departamentos de Escuintla, Chimaltenango e Sacatepéquez. É considerado o mais ativo da América Central e aumentou suas emissões e erupções no domingo com a liberação de colunas de lava, cinzas e rochas.
O porta-voz da Coordenação Nacional para a Redução de Desastres (Conred), Juan Laureano, disse que "como medida preventiva, cerca de 125 famílias, aproximadamente 900 pessoas", foram evacuadas de El Porvenir e outras de Las Lajitas.
"Transportamos pessoas que passaram por cirurgias recentemente ou que têm algum problema de saúde", disse à AFP o bombeiro autônomo Cesar Chavez, de 50 anos.
Muitos moradores chegaram à Prefeitura de Alotenango em ônibus e outros em patrulhas policiais.
Na noite de domingo, Conred declarou alerta laranja para "coordenar ações de prevenção e resposta" com os prefeitos dos municípios próximos ao vulcão.
A diretora da agência de proteção civil, Claudinne Ogaldes, explicou em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira que cerca de 30.000 pessoas nos três departamentos estão "em risco" e pediu "autoevacuações", se necessário.
A última grande erupção do Vulcão de Fogo ocorreu em maio de 2023 e levou à evacuação de cerca de 1.200 pessoas.
- Medo após a tragédia de 2018 -
Uma erupção do Vulcão de Fogo causou o transbordamento de material em chamas em 3 de junho de 2018, que devastou a comunidade de San Miguel Los Lotes em Escuintla e parte de uma estrada em Alotenango, deixando 215 mortos e um número semelhante de desaparecidos.
"Evacuamos por obediência, pelo que aconteceu em 2018, quando não acreditávamos em sua magnitude e uma tragédia aconteceu", acrescentou Cobox, que trabalha em uma fazenda de porcos de sua comunidade.
A governanta Amanda Santos, de 58 anos, disse que quando ouviu os alarmes de incêndio decidiu sair também. "Porque assim como há alguns anos (em 2018), esperamos muito tempo e, por puro milagre de Deus, estamos vivos", comentou.
O governo suspendeu as aulas em Alotenango e outros três municípios. Também fechou uma estrada que atravessa a cidade e liga o sul do país à cidade colonial de Antígua, principal ponto turístico da Guatemala e Patrimônio Cultural da Unesco desde 1979.
Laureano acrescentou que estão monitorando os fluxos piroclásticos - uma mistura de gases, cinzas e blocos de rocha em altas temperaturas e alta velocidade - que descem pelas encostas do vulcão.
O Instituto de Vulcanologia estatal recomendou que o tráfego aéreo tome precauções devido às cinzas que se movem cerca de 50 km a oeste do cone vulcânico, acrescentando que as colunas de lava sobem cerca de 300 metros acima da cratera.
O Vulcão de Fogo é considerado o mais ativo da América Central desde a chegada dos colonizadores espanhóis.
Os vulcões Santiaguito (oeste) e Pacaya (sul) também estão ativos na Guatemala.
* AFP