O desmatamento, a expansão da agricultura e das cidades e, até mesmo, os incêndios potencializados pela mudança climática são ameaças crescentes para o mundo dos fungos, alertou a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) nesta quinta-feira (27).
Pelo menos 411 fungos estão em perigo de extinção no mundo, das 1.300 espécies cujo estado de conservação está solidamente documentado, segundo uma atualização da Lista Vermelha de espécies ameaçadas mantida por esse coletivo científico internacional.
Essa avaliação traz apenas uma fração das aproximadamente 150.000 espécies de fungos registradas até o dia de hoje.
Os cientistas acreditam que há até 2,5 milhões de variedades na Terra.
"Embora os fungos vivam principalmente ocultos debaixo da terra (...), seu desaparecimento impacta na vida na superfície que depende deles", explicou o professor Anders Dahlberg, coordenador dessa avaliação.
"Atuam um pouco como a microbiota dos nossos estômagos", indicou o micólogo sueco, contactado pela AFP.
"Ao perder os fungos, degradamos os serviços ecossistêmicos e a resiliência que nos fornecem, que vão desde a resistência à seca aos patógenos nas plantações ou nas árvores até o armazenamento de carbono no solo", acrescentou.
Muitos fungos "são comestíveis, utilizados na produção de alimentos e bebidas, incluindo a fermentação, constituem a base de medicamentos e apoiam os esforços de descontaminação", destacou também a UICN em um comunicado.
Entre as 411 espécies ameaçadas não há fungos usados na gastronomia, como o champignon, os cantarelos e os míscaros.
A maioria de variedades é muito específica e "nenhuma faz parte dos componentes dominantes do reino dos fungos, embora alguns sejam relativamente comuns", disse o professor Dahlberg.
* AFP