
O papa Francisco, internado desde 14 de fevereiro, pode respirar por "breves momentos" sem precisar de oxigênio adicional, informou o serviço de imprensa do Vaticano nesta segunda-feira (17). O estado de saúde do pontífice, no entanto, se manteve inalterado.
Uma fonte do Vaticano afirmou à AFP que esses breves momentos são nos períodos nos quais o Pontífice se desloca. Conforme a sala de imprensa do Vaticano, o próximo boletim médico será divulgado na quarta-feira (19).
A atualização ocorre um dia depois da divulgação da primeira imagem do papa argentino, de 88 anos, desde que foi hospitalizado. A Santa Sé informou que o inchaço na mão do Pontífice, na foto, é devido à "mobilidade reduzida, mas hoje está melhor".

Na foto, Francisco aparece sentado em uma cadeira de rodas, um pouco cabisbaixo diante do altar de sua capela privada no hospital Gemelli de Roma. O pontífice aparece sozinho e sem a cânula nasal de alto fluxo que costuma usar durante o dia para ajudá-lo a respirar.
Mais de um mês no hospital
O líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo foi hospitalizado há 32 dias devido a uma bronquite, que evoluiu para uma pneumonia bilateral. Desde então, não fez nenhuma aparição pública.
O último boletim médico, divulgado na noite de sábado (15) pela Santa Sé, informou que sua condição de saúde permanecia "estável", mas que ainda precisava continuar com seu tratamento no hospital, apesar de uma "melhora gradual".
Nesta segunda, o primeiro papa latino-americano da história continuou com a fisioterapia respiratória e motora, que combinou com momentos de repouso, oração e trabalho, segundo o serviço de imprensa.
— A situação se mantém estacionária — acrescentou a fonte.
Após sua última crise respiratória, em 3 de março, os médicos lhe administram oxigênio através de uma máscara durante a noite e começaram a reduzir seu uso "progressivamente" no fim da semana passada para que seus pulmões ficassem mais ativos.
Recuperação gradativa
O Vaticano explicou, nesta segunda, que os médicos também começaram a reduzir a intensidade do fluxo de oxigênio administrado durante o dia por meio de uma cânula nasal, um sinal de que o pontífice recupera gradativamente sua capacidade pulmonar.
Em 10 de março, seu prognóstico deixou de ser reservado. No entanto, os médicos ainda não se pronunciaram sobre uma data de alta e a Santa Sé prevê uma recuperação lenta.
Esta internação é a mais longa nos 12 anos do pontificado de Francisco e gera preocupação sobre sua continuidade. Nos últimos anos, no entanto, o papa se recusou a renunciar, como fez seu antecessor, Bento XVI, em 2013.
No último dia 6 de março, ele mandou uma mensagem em áudio aos fiéis:
Pedidos de oração e apoio de fiéis
Diante do hospital Gemelli, que já tratou da saúde de diferentes pontífices, muitos fiéis se aproximaram para acender velas com o rosto de Francisco em sinal de apoio. A Igreja pediu a todos os católicos do mundo que rezem pela saúde do Papa.
Apesar dos frequentes problemas de saúde dos últimos anos — entre eles, de quadril e dores no joelho que o obrigam a se locomover em cadeira de rodas, operações e infecções respiratórias —, Jorge Bergoglio manteve uma agenda cheia e declarou que não tem a intenção de reduzir o ritmo de trabalho. Os médicos insistem que ele deveria interromper um pouco as atividades.
Inchaço no rosto do Papa
Nas últimas semanas, o inchaço observado no rosto do Pontífice chamou a atenção do público. Apesar dos problemas de saúde enfrentados por Francisco, não é possível afirmar a causa desta condição, considerando que o Vaticano não ofereceu detalhes sobre o seu estado de saúde.
De acordo com Alessandro Pasqualotto, chefe do serviço de Infectologia do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, diversos são os fatores capazes de provocar essa aparência pelo corpo.
— Esse inchaço não parece ter relação com a infecção atual, tampouco com os antibióticos que ele possa estar usando. Mas, sim, talvez denote a presença de outra condição de saúde, que não está clara e não está revelada — pontua o médico.
Histórico de hospitalizações
A internação do Papa, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu o debate sobre a sua saúde, especialmente porque ela ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, o que significa uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo Pontífice.
Antes da internação, Francisco pareceu debilitado, com o rosto inchado e a voz entrecortada. Ele delegou em várias ocasiões a seus assistentes a leitura de seus discursos.
Desde a sua eleição, o argentino sempre deixou aberta a opção de renunciar caso a saúde o impedisse de continuar desempenhando as suas funções, como fez o seu antecessor, Bento XVI, o primeiro Papa desde a Idade Média a renunciar, alegando problemas de saúde.
O que é infecção polimicrobiana
As infecções polimicrobianas são causadas por diferentes bactérias atuando simultaneamente no organismo, podendo ser uma ação combinada com vírus, fungos e parasitas. Ou seja, essa condição não é considerada uma doença isolada, mas, sim, um fator que pode complicar quadros já existentes. A condição não é rara e acomete mais as pessoas idosas.
Quando afeta as vias respiratórias, a infecção pode provocar sintomas como tosse, falta de ar, febre, fadiga e chiado no peito, semelhantes aos da pneumonia e de outras doenças respiratórias.