O movimento palestino Hamas afirmou nesta quarta-feira que continua aberto às negociações, mas exigiu o respeito do acordo de trégua com Israel, após uma série de bombardeios fatais contra Gaza.
Israel efetuou na madrugada de terça-feira intensos bombardeios que deixaram 413 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo de Hamas. Estes foram os ataques mais violentos desde que a trégua entrou em vigor em 19 de janeiro.
A Defesa Civil da Faixa de Gaza relatou nesta quarta-feira que 13 pessoas morreram em novos ataques israelenses durante a noite contra o território palestino.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que os bombardeios de terça-feira foram "apenas o começo" e destacou que a pressão militar é essencial para obter a libertação dos reféns ainda sob poder do Hamas.
Os bombardeios estão entre os mais violentos desde o início do conflito, com um dos balanços de mortos mais elevados desde o começo da guerra, em 7 de outubro de 2023, após o ataque executado pelo Hamas contra o território israelense.
Taher al Nunu, dirigente do Hamas, afirmou nesta quarta-feira que o movimento "não fechou a porta" para as negociações, mas insistiu que "não há necessidade de novos acordos" e que Israel deve ser obrigado a aplicar o acordo de trégua existente.
"Já existe um acordo, assinado por todas as partes", destacou.
"Não precisamos de condições prévias, mas exigimos que (Israel) seja obrigado a cessar imediatamente (as hostilidades) e inicie a segunda fase das negociações", previstas pelo acordo de trégua em vigor desde janeiro, acrescentou.
- "Sob fogo" -
Netanyahu declarou na terça-feira que "a partir de agora", as negociações sobre a libertação dos reféns que ainda estão em Gaza "serão conduzidas sob fogo".
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, 58 permanecem em Gaza, 34 delas declaradas mortas pelo Exército.
A Defesa Civil de Gaza relatou que os bombardeios lançados por Israel na madrugada desta quarta-feira deixaram 13 mortos e "dezenas de feridos" em Khan Yunis, no sul do território palestino, e na Cidade de Gaza, no norte.
"Que joguem uma bomba nuclear e que nos aniquilem. Estamos cansados desta vida", disse, entre lágrimas Ahlam Abed, uma deslocada no campo de Al Mawasi, no sul de Gaza.
Em Israel, as famílias dos reféns acusam o governo de "sacrificar" seus entes queridos com a retomada dos bombardeios.
O governo israelense afirmou que os bombardeios foram lançados "em total coordenação" com os Estados Unidos, seu principal aliado.
O movimento islamista palestino fez um apelo aos "países amigos" para que "pressionem" e consigam a interrupção dos bombardeios.
O ataque de 7 de outubro de 2023 executado pelo Hamas deixou 1.218 mortos no lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, que incluem os reféns que morreram em cativeiro.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que, antes da nova onda de bombardeios, deixou pelo menos 48.572 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
* AFP