Estudantes e manifestantes se reuniram neste sábado (29) em Belgrado, capital da Sérvia, em frente à sede de um dos canais de televisão pró-governo, em meio a protestos contra a corrupção no país balcânico.
Os protestos começaram depois que uma marquise desabou na estação de trem de Novi Sad, no norte do país, em 1º de novembro. A tragédia deixou 16 mortos e desencadeou uma onda de descontentamento em relação ao presidente nacionalista, Aleksandar Vucic, no poder desde 2012.
Os manifestantes, carregando uma faixa com os dizeres "manipuladores, não jornalistas" e agitando bandeiras sérvias, se reuniram neste sábado em frente aos escritórios da rede de televisão Informer.
A Informer TV "vem espalhando muitas mentiras e falsidades há muito tempo", disse Bogdan Vucic, um estudante que viu um colega de classe ser alvo do canal e do tabloide pertencente ao mesmo grupo.
"Eles publicaram informações sobre a família dele, o que vai contra a decência básica, sem falar na ética jornalística", acrescentou.
Segundo dados oficiais, o Informer violou o Código de Ética dos Jornalistas Sérvios 647 vezes em 2024.
Contatado pela AFP, o editor-chefe deste veículo não quis comentar.
Desde o início da onda de protestos, veículos de comunicação considerados próximos ao governo têm divulgado diariamente acusações contra os manifestantes, chamando-os de "agentes estrangeiros" pagos pela oposição e que buscam realizar um "golpe de Estado".
De acordo com Repórteres Sem Fronteiras, "a maioria dos meios de comunicação sérvios obtém sua receita da publicidade e de subsídios públicos opacos, duas fontes cujo acesso é amplamente controlado pela elite governante e sujeito à parcialidade das publicações".
Para Slobodan Georgiev, editor-chefe da TV Nova S, um dos canais de televisão que se opõe abertamente ao governo, "a situação da mídia independente na Sérvia é cada vez mais desastrosa", a ponto de poder desaparecer.
* AFP