A próxima conferência da ONU sobre o clima deve "reafirmar a importância do multilateralismo", declarou nesta terça-feira (25) o presidente brasileiro da COP30, André Corrêa do Lago, em um discurso no qual também mencionou a "justiça climática" para os países do Sul, mas evitou a candente questão dos combustíveis fósseis.
André Corrêa do Lago falou em Berlim na abertura do Diálogo do Clima de Petersberg, um evento-chave em vista da grande cúpula anual sobre o aquecimento global que será realizada na cidade de Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro.
Em um momento em que vários países hesitam ou retrocedem em seus compromissos climáticos, a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, advertiu que "quem rejeita a ação climática nestes tempos turbulentos, qualificando-a de custosa, onerosa ou supérflua, não sabe contar".
"Menos proteção climática significa muito menos crescimento econômico no futuro", afirmou Baerbock em um comunicado.
Para o décimo aniversário do Acordo de Paris e o vigésimo do Protocolo de Kyoto, "nossa tarefa é garantir que a dinâmica desses tratados históricos não apenas seja mantida, mas que seja acelerada", instou o diplomata brasileiro.
Para alcançar isso, "precisamos reforçar o multilateralismo", que foi afetado pela retirada dos Estados Unidos, pela decepcionante COP29 sobre o financiamento climático e pelo impasse nas negociações internacionais sobre a poluição por plástico.
"Os governos precisam contribuir para o esforço global apresentando planos climáticos nacionais ambiciosos", acrescentou.
"O objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C", o limite mais ambicioso do Acordo de Paris, "é mais urgente do que nunca", apontou o presidente brasileiro da COP30. O ano 2024 foi o primeiro em que este patamar foi superado.
"Na COP30, devemos nos comprometer novamente a alcançar esse objetivo", instou, mas não mencionou as palavras "combustíveis fósseis", que são a principal causa do aquecimento global e cujo abandono progressivo foi adotado na COP28.
* AFP