
Os ataques israelenses mais pesados em Gaza desde que o cessar-fogo com o Hamas entrou em vigor em 19 de janeiro deixaram pelo menos 413 mortos nesta terça-feira (18), incluindo crianças, informou a Defesa Civil do território palestino.
"Até agora, 413 mártires chegaram aos hospitais da Faixa de Gaza", disse um comunicado do Ministério da Saúde do Hamas. "Várias vítimas ainda estão sob os escombros e o trabalho está em andamento para recuperá-las", acrescentaram.
Segundo o Hamas, a operação militar continua e está afetando escolas e campos de deslocados.
O governo israelense disse em um comunicado que seus bombardeios se devem à "repetida recusa" do movimento islâmico palestino Hamas "em libertar" os reféns, em meio ao impasse nas negociações para estender a frágil trégua em vigor desde janeiro.
Os ataques ordenados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Israel Katz, se devem à recusa do Hamas em libertar os israelenses mantidos em cativeiro e à rejeição das propostas dos EUA de negociar a continuação do cessar-fogo.
Em resposta, ele observou que Israel agora agirá "com maior força militar" contra o movimento islâmico.
O Hamas acusou Netanyahu de sacrificar os reféns ao reiniciar a guerra como uma "tábua de salvação" diante de seus problemas políticos internos.
— A decisão de Netanyahu de retomar a guerra é uma decisão de sacrificar os prisioneiros da ocupação e impor uma sentença de morte a eles — disse Izzat al-Rishq, uma autoridade do grupo, em um comunicado.
"O tempo que for preciso"
Antes de lançar esta onda de ataques em Gaza, Israel consultou o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, informou a Casa Branca na noite de segunda-feira.
Um alto funcionário israelense indicou que os bombardeios têm como alvo o comando civil e militar do Hamas, bem como sua infraestrutura em Gaza, e que continuarão "enquanto for necessário".
O Hamas acusou Israel de "torpedear o acordo de cessar-fogo", que havia interrompido em grande parte a guerra que eclodiu em 7 de outubro de 2023, com os ataques do movimento palestino ao território israelense.
O Hamas também pediu ao Conselho de Segurança da ONU que convoque uma reunião de emergência e adote uma resolução para forçar Israel a "cessar a agressão" e retirar suas forças da Faixa de Gaza.
Israel anunciou no domingo que enviaria negociadores ao Egito para discutir a situação dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas com os mediadores.
Netanyahu instruiu seus negociadores a se prepararem para discutir a segunda fase da trégua com o Hamas para obter "a libertação imediata de 11 reféns vivos e metade dos reféns mortos".
Chefe do Hamas teria morrido no ataque
Os bombardeios israelenses mataram o chefe do governo do Hamas na Faixa de Gaza, Essam al Dalis, anunciou o movimento islamista palestino em um comunicado.
Nos ataques, também morreram outros três "dirigentes do governo" de Gaza, incluindo o vice-ministro do Interior, Mahmud Abu Watfa, e o diretor-geral dos serviços de segurança interna, Bahjat Abu Sultan, segundo o "comunicado de condolências" divulgado pelo grupo terrorista.
O que diz o Hamas
O Hamas está "trabalhando com mediadores internacionais" para "deter a agressão de Israel", disse um líder do movimento islâmico palestino à AFP, após uma noite de intenso bombardeio militar israelense na Faixa de Gaza.
O Hamas "aceitou o acordo de cessar-fogo e o implementou integralmente, mas a ocupação israelense renegou seus compromissos (...) ao retomar a agressão e a guerra", disse a autoridade.
Até o momento, o movimento palestino não respondeu aos ataques israelenses, que, segundo o primeiro, deixaram mais de 300 mortos.
O acordo de cessar-fogo
O acordo alcançado com a mediação do Catar, Egito e Estados Unidos pôs fim a 15 meses de conflito.
Na primeira fase, que terminou em 1º de março, o Hamas entregou 33 reféns, oito deles mortos, enquanto Israel libertou cerca de 1.800 palestinos de suas prisões.
A segunda fase consistia em libertar os prisioneiros restantes mantidos pelo movimento islâmico, retirar as tropas israelenses de Gaza e negociar uma trégua permanente.
Mas as negociações estagnaram, com Israel pedindo que a primeira fase fosse estendida até meados de abril, argumentando que a próxima fase requer a "desmilitarização total" de Gaza.
O Hamas, por sua vez, insistiu em iniciar imediatamente as negociações para a segunda fase da trégua.