
A saúde do papa Francisco, internado desde sexta-feira (14) para tratar uma bronquite, levanta rumores sobre uma possível renúncia. A Santa Sé afirma que o pontífice voltou a trabalhar, mas a falta de detalhes sobre sua condição e quanto tempo Francisco permanecerá no Hospital Gemelli, em Roma, alimentam a possibilidade.
A dúvida é se Francisco poderá permanecer no cargo a curto e médio prazo, especialmente porque o direito canônico não prevê problemas graves que perturbem sua lucidez. O último boletim médico indica que o papa está "melhorando ligeiramente".
De acordo com uma fonte do Vaticano, o pontífice está recebendo seus colaboradores mais próximos, lendo, assinando documentos e tratando de assuntos por telefone. O papa não aparece em público há uma semana e o Vaticano não disse nada sobre seus compromissos nas próximas semanas.
Quanto à sua renúncia, Francisco também nunca foi muito claro: ele sempre deixou a porta aberta para a renúncia. Logo após sua eleição em 2013, assinou uma carta de renúncia caso sua saúde se deteriorasse a ponto de impedi-lo de exercer suas funções.
Mas ele também afirmou que deseja permanecer à frente da igreja enquanto sua saúde permitir, dizendo que "governa com a cabeça e não com as pernas".
Possível renúncia é assunto entre cardeais
Com o quadro clínico de Francisco, vários cardeais – posto mais alto na hierarquia da Igreja Católica – falaram abertamente sobre uma possível renúncia. Arcebispo de Marselha, Jean-Marc Aveline confia na saúde do papa.
— Tenho absoluta confiança na lucidez do papa. Ele é livre e (...) se achar que é melhor para o bem da igreja, ele o fará — expressou.
Para o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, Francisco poderia renunciar "se tiver sérias dificuldades em cumprir seu serviço".
"É ele quem terá a última palavra", disse em uma entrevista publicada na sexta-feira no jornal Il Corriere della Sera.
Notícias falsas e corrente contra o Papa
As declarações dos cardeais coincidem com a proliferação, nas redes sociais, de notícias falsas sobre a morte de Francisco. Conservadores, especialmente dos Estados Unidos, pedem para a Igreja Católica "virar a página" e encerrar capítulo de Bergoglio – nome de batismo do papa.
"Na internet e nos portais estadunidenses há uma forte corrente anti-Bergoglio: mesmo que não seja explícita, mostra claramente um desejo de mudança que também se expressa através de notícias falsas", lamentou Ravasi, observando que 'há uma forte polarização'.
Oposição interna
Nos bastidores, uma atmosfera pré-conclave vem se formando nos últimos meses. O cenário é incentivado pelos principais oponentes do papa Francisco.
O jesuíta argentino enfrenta uma oposição interna virulenta em relação às reformas que empreendeu na igreja. Alguns o acusam de ter tomado decisões polêmicas, como a proibição da celebração da missa em latim ou a abertura de bênçãos a casais do mesmo sexo.
Ao mesmo tempo, o ex-arcebispo de Buenos Aires, que é muito popular entre os fiéis, recebeu inúmeras expressões de afeto e foi objeto de orações em todo o mundo por uma cura.
Em sua conta no Instagram, onde ele tem quase 10 milhões de seguidores, centenas de mensagens apareceram em vários idiomas desejando-lhe uma rápida recuperação.
Problemas respiratórios acompanham o Papa
O argentino Jorge Mario Bergoglio tem um histórico de problemas respiratórios recentes. Em 2023, ele foi diagnosticado com bronquite infecciosa e chegou a ser hospitalizado. Ele foi tratado com antibióticos e melhorou. No mesmo ano, ele teve uma inflamação pulmonar.
Em 2024, chegou a fazer aparições de cadeira de rodas porque estava com dificuldades respiratórias. O pontífice não tem a parte superior do pulmão direito desde os 21 anos, quando teve uma pneumonia grave e cistos no pulmão e teve que fazer uma cirurgia.