O grupo extremista Hamas libertou, na manhã deste sábado (8), mais três reféns israelenses em uma nova etapa do acordo de cessar-fogo com Israel, conforme informações da agência de notícias Reuters divulgadas pelo portal g1. Esta é a última etapa da primeira fase do acordo, e uma nova está sendo negociada.
Foram libertados neste sábado Ohad Ben Ami e Eli Sharabi, ambos feitos reféns durante o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, e Or Levy, sequestrado naquele dia em um festival de música.
Em troca, Israel libertará 183 prisioneiros palestinos, alguns condenados por envolvimento em ataques que mataram dezenas de pessoas, incluindo 18 que cumprem sentenças de prisão perpétua e 111 detidos em Gaza durante a guerra.
As declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre Gaza nesta semana aumentaram as tensões sobre o acordo de cessar-fogo na guerra, considerado frágil. Trump falou que os EUA "assumiriam" Gaza no pós-guerra e os palestinos seriam removidos do território, o que gerou forte crítica internacional.
O próprio Hamas também repudiou a fala de Trump, qualificando-a como "racista" e pediu para que as facções palestinas se unam contra os EUA.
O acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro previa a libertação de "vários reféns" neste sábado, segundo agências de notícias.
Segunda fase
As negociações indiretas entre Hamas e Israel sobre a segunda fase do acordo começaram na terça-feira (4) no Catar, um dos três mediadores do processo, ao lado de Estados Unidos e Egito, segundo um porta-voz. A nova etapa deve resultar na libertação de todos os reféns e no fim definitivo da guerra em Gaza.
Durante a visita a Washington do premiê israelense, Trump anunciou a proposta surpreendente de assumir o controle do território palestino e transferir a população de Gaza para países vizinhos, com o objetivo de possibilitar a reconstrução.
— A Faixa de Gaza será entregue aos Estados Unidos por Israel ao final da luta — afirmou Trump.
Ele acrescentou que os palestinos serão "realocados em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região", como no Egito ou Jordânia, escreveu na rede Truth Social.
Os dois países, no entanto, rejeitaram com veemência a proposta.
Apesar de vago, o plano de Trump deixa em perigo a ideia de uma solução de dois Estados para solucionar o conflito palestino-israelense de décadas. A opção é defendida por grande parte da comunidade internacional, mas Israel se opõe.
Desde o retorno à Casa Branca em 20 de janeiro, o republicano multiplicou os gestos de apoio a Israel. O mais recente aconteceu na quinta-feira (6), quando assinou uma ordem executiva que prevê sanções contra o Tribunal Penal Internacional (TPI) por empreender "ações ilegais" contra os Estados Unidos e Israel.