O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta sexta-feira (7) que "lamenta profundamente" a decisão do Panamá de cancelar sua participação no acordo econômico da Rota da Seda com Pequim, após as pressões dos Estados Unidos.
"Pequim lamenta a decisão do Panamá", disse Lin Jian, porta-voz da diplomacia chinesa.
O porta-voz fez um apelo ao país da América Central para "resistir às interferências externas" e "levar em consideração a relação bilateral em um nível mais amplo, assim como os interesses a longo prazo das duas nações".
Nas últimas semanas, o presidente americano, Donald Trump, exerceu uma grande pressão sobre o Panamá para que o país reduza a influência econômica chinesa no canal interoceânico, construído pelos Estados Unidos e entregue ao país da centro-americano em 1999, com base em tratados bilaterais assinados duas décadas antes.
Embora a rota interoceânica seja administrada pela Autoridade do Canal do Panamá, Washington argumenta que a China tem uma influência considerável por meio de uma empresa de Hong Kong que opera portos nas duas entradas da via, por onde transita 5% do comércio marítimo mundial e 40% do tráfego de contêineres dos Estados Unidos.
Após a pressão de Trump, que disse não descartar o uso da força para assumir o controle do canal, e uma visita de seu secretário de Estado, Marco Rubio, o presidente panamenho, José Raúl Mulino, anunciou na quinta-feira o cancelamento do acordo econômico da Rota da Seda com a China em um prazo de 90 dias.
"Eu não sei o que motivou quem assinou isso com a China na época", disse Mulino. "O que isso trouxe para o Panamá todos esses anos? Quais são as grandes coisas? O que essa 'Belt and Road Initiative' trouxe para o país?", questionou o presidente.
O acordo da Faixa e Rota da Seda consiste no financiamento de projetos de infraestrutura com recursos chineses para estimular o comércio e a conectividade na Ásia, Europa, África e América Latina.
Mais de 100 países assinaram o acordo, um projeto emblemático do governo de Xi Jinping, lançado em 2013 e considerado um dos principais pilares da influência global da China.
Os críticos acusam Pequim de utilizar o grande projeto comercial e diplomático para alimentar, com créditos chineses, uma dívida insustentável entre os países em desenvolvimento, que depois serve como ferramenta de pressão do gigante asiático.
Pequim afirmou que "se opõe com veemência ao uso de pressão e coerção pelos Estados Unidos para prejudicar e minar a cooperação no âmbito da Rota da Seda".
"As conquistas beneficiaram a população de países como o Panamá", disse o porta-voz Lin.
* AFP