O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai impor, neste sábado, 1º de fevereiro, tarifas alfandegárias aos produtos procedentes dos três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, ou seja, Canadá, México e China, informou a Casa Branca nesta sexta-feira (31).
O presidente republicano, que voltou para a Casa Branca em 20 de janeiro, já tinha ameaçado várias vezes estes países, aos quais acusa de não fazer o bastante para combater o tráfico de fentanil e evitar a migração irregular para os Estados Unidos.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou a decisão nesta sexta-feira.
"O presidente vai impor 25% de tarifas alfandegárias ao México, 25% de tarifas alfandegárias ao Canadá e 10% de tarifas alfandegárias à China pelo fentanil ilegal que produzem e que permitem distribuir no nosso país", assim como pelos migrantes que entram irregularmente nos Estados Unidos, declarou.
Não se sabe se Trump deixará de fora as tarifas ao petróleo. Na quinta-feira, ele disse que decidirá de um dia para o outro.
México e Canadá, teoricamente protegidos pelo acordo de livre comércio T-MEC, assinado no primeiro mandato do republicano no lugar do Nafta, que vigorava desde 1994, tentam evitá-lo.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse, nesta sexta-feira, que seu governo tem uma "mesa de diálogo" com os Estados Unidos e diferentes planos de contingência.
"Temos plano A, plano B, plano C para o que o governo dos Estados Unidos decidir", afirmou, sem dar detalhes.
Não parece suficiente aos olhos de Trump, que critica os três países por não terem feito o suficiente para combater o tráfico de fentanil para os Estados Unidos.
A China é criticada por permitir a exportação dos principais componentes deste opiáceo sintético, sobretudo para o México, aonde assegura que os cartéis do narcotráfico fabricam fentanil que enviam aos Estados Unidos.
Durante uma audiência no Senado, nesta terça-feira o escolhido por Donald Trump a secretário de Comércio, Howard Lutnick, justificou a política comercial do republicano como "um ato de política interna", destinado "simplesmente a conseguir que fechem suas fronteiras".
- Consequências -
Desconhecem-se vários elementos importantes: o alcance das tarifas, ou seja, se são seletivas ou aplicadas a todos os produtos, e as ferramentas jurídicas que Donald Trump vai utilizar para justificar a decisão.
A medida poderia abrir a porta para ações legais, tanto por parte dos estados quanto das empresas afetadas, em virtue dos procedimentos de solução de diferenças previstos no T-MEC.
O impacto econômico destas medidas poderia ser significativo para os quatro países.
Segundo a Oxford Economics, a economia americana perderia 1,2 ponto percentual de crescimento e o México poderia mergulhar em uma recessão.
"As principais exportações do México são alimentos, material de transporte e a eletrônica. Representam mais de 50% das exportações do país e uma parte importante da atividade industrial", declarou à AFP Joan Domene, analista da Oxford Economics.
Para Wendong Zhang, professor da Universidade de Cornell, embora o impacto não seja tão grande para os Estados Unidos, será para o Canadá e o México.
"Neste cenário, Canadá e México podem esperar que seus PIBs diminuam 3,6% e 2%, respectivamente, e os Estados Unidos, 0,3%", avaliou.
"A China também sofreria de uma escalada na guerra comercial existente, mas ao mesmo tempo se beneficiaria "das tensões entre os Estados Unidos, México e Canadá", acrescentou.
* AFP