O presidente de Israel, Isaac Herzog, acusou a ONU, nesta segunda-feira (27), de "falência moral" perante o antissemitismo, durante uma cerimônia para lembrar as vítimas do Holocausto em sua Assembleia Geral.
"Hoje nos encontramos novamente em um ponto de inflexão perigoso na história desta instituição", disse Herzog perante a Assembleia e o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticado por Israel desde o ataque do grupo islamita Hamas em outubro de 2023, que gerou o conflito atual na Faixa de Gaza.
"Em vez de cumprir seu propósito e lutar de forma corajosa contra uma epidemia mundial de jihadistas, assassinos e terrorismo desprezível, esta Assembleia mostrou repetidamente sua falência moral", criticou Herzog.
Órgãos internacionais, como o Tribunal Penal, que emitiu uma ordem de prisão contra o premier de Israel por sua responsabilidade no conflito, "confundem a diferença entre o bem e o mal. Como é possível que instituições internacionais criadas como uma aliança antinazista permitam que floresçam doutrinas antissemitas genocidas desde o maior massacre de judeus desde a Segunda Guerra Mundial?", questionou o presidente israelense, referindo-se ao 7 de Outubro.
Minutos antes, Guterres havia denunciado na mesma tribuna o aumento do antissemitismo e voltado a criticar o que chamou de "ataques terroristas odiosos" do Hamas. "Hoje, nosso mundo está dividido e perigoso. Oitenta anos após o fim do Holocausto, o antissemitismo ainda está entre nós, alimentado pelas mesmas mentiras e pelo mesmo ódio que tornaram possível o genocídio nazista. E isso está aumentando", afirmou, por ocasião do 80º aniversário da libertação do campo de Auschwitz-Birkenau.
"A discriminação é moeda corrente. O ódio se espalha pelo mundo. Um dos exemplos mais claros e preocupantes é a propagação do câncer da negação do Holocausto (...) A história do Holocausto nos mostra o que pode acontecer quando escolhemos não ver e não agir", advertiu Guterres.
* AFP