O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (20) que sua administração irá retirar pela segunda vez os Estados Unidos do Acordo Climático de Paris — que visa adotar medidas para frear a emissão de gases do efeito estufa.
A decisão de Trump desafia os esforços globais para combater o aquecimento global, enquanto fenômenos meteorológicos catastróficos se intensificam em todo o mundo.
O republicano também declarou que vai anunciar uma "emergência energética nacional" para ampliar significativamente a exploração de petróleo no maior produtor de petróleo e gás do mundo, além de descartar futuras normas rigorosas de poluição para automóveis e caminhões, as quais ridicularizou como um "mandato de veículos elétricos".
A saída do acordo levaria um ano após a apresentação de uma notificação formal às Nações Unidas, que patrocinam as negociações globais sobre o clima.
Mesmo antes de sua saída formal, essa decisão representa um duro golpe para a cooperação internacional destinada a reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Críticos alertam que a medida poderia incentivar outros grandes emissores, como China e Índia, a reduzirem seus próprios compromissos.
Essa decisão ocorre em um momento em que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez, nos últimos dois anos, o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, destacando a urgência de ações climáticas.
O secretário executivo da ONU para Mudança Climática, Simon Stiell, afirmou logo após o anúncio de Trump que "a porta continua aberta" para o retorno ao acordo.
Stiell enfatizou que "o crescimento global das energias limpas — avaliado em 2 trilhões de dólares (R$ 12 trilhões) apenas no ano passado — é o acordo de crescimento econômico da década. Adotá-lo significa enormes benefícios, milhões de empregos e ar limpo".
— A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris é lamentável, mas a ação climática multilateral demonstrou sua resiliência e é mais forte do que as políticas de um único país — declarou Laurence Tubiana, diretora-geral da Fundação Europeia para o Clima e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris.
Mais exploração, menos veículos elétricos
Trump utilizou seu discurso de posse para adiantar uma série de decretos federais de grande alcance relacionados à energia, com o objetivo de desfazer o legado climático de Joe Biden.
— A crise inflacionária foi causada por gastos excessivos massivos e pelo aumento dos preços da energia, e é por isso que hoje também declararei uma emergência energética nacional. Vamos "perfurar, querida, perfurar!" — disse Trump.
Ele ainda acrescentou que o país vai voltar a ser uma nação rica e que "é esse ouro líquido sob nossos pés que ajudará a alcançar isso".
Elogios e críticas
As promessas de Trump foram bem recebidas por líderes da indústria de energia, que enxergam as políticas da administração como um retorno à era do "domínio energético americano".
— A indústria americana de petróleo e gás natural está pronta para trabalhar com a nova administração para oferecer soluções energéticas de bom senso, como os americanos votaram — afirmou Mike Sommers, presidente e CEO do Instituto Americano de Petróleo.
No entanto, as promessas provocaram indignação imediata entre defensores do meio ambiente, que argumentam que dobrar a produção de combustíveis fósseis ignora os desafios urgentes das mudanças climáticas.
— Essa declaração é mais uma prova de que Trump parece não reconhecer o mundo real — disse Athan Manuel, diretor do programa de proteção da terra do Sierra Club.
A declaração de Trump ocorre apesar do consenso científico de que a queima de combustíveis fósseis levou as temperaturas globais a níveis sem precedentes, contribuindo para desastres climáticos cada vez mais graves.