Durante seus primeiros minutos sentado à mesa do Salão Oval da Casa Branca para um segundo mandato, Donald Trump afirmou que Brasil e América Latina precisam "mais dos EUA do que os EUA precisam deles" e questionou o envolvimento do Brasil em conversas de negociações entre Rússia e Ucrânia.
Ao ser interrogado sobre uma proposta apresentada por China e Brasil, no ano passado, para promover conversas de paz no leste europeu, Trump afirmou: "Isso é bom, é bom. Eu estou pronto", em resposta à jornalista brasileira Raquel Krahenbuhl, correspondente da TV Globo.
Segundos depois, ele questionou "Como o Brasil se envolve nisso? Isso é uma novidade", declarou o presidente, questionando se a repórter era brasileira. Ao receber a resposta positiva, disse: "Ah, é por isso que está envolvida, eu acho."
O plano em questão é um documento divulgado no dia 23 de maio, com nome "Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia". A proposta foi apresentada após uma visita do assessor para Assuntos Internacionais de Lula, Celso Amorim, a Pequim. Amorim assinou o documento, junto de Wang Yi, chanceler chinês.
O plano é baseado em seis pontos, que afirmam que Moscou e Kiev precisam "desescalar" o conflito, sem expandir as atividades no campo de batalha e criar condições para um cessar-fogo. O documento foi rechaçado pelo presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, durante a Assembleia-Geral da ONU em setembro, que afirmou Brasil e China deveriam reconhecer a tentativa da Rússia de recuperar um passado colonial em vez de "tentar aumentar a sua própria influência global às custas da Ucrânia".
Quando questionado sobre sua perspectiva em relação às relações com a América Latina e, especificamente, com o Brasil, Trump respondeu: "Devem ser ótimas. Eles precisam de nós. Muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todo mundo precisa de nós", disse o republicano, sem responder a pergunta da jornalista sobre se pretendia se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais cedo nesta segunda-feira, 20, Lula expressou seu desejo de que Trump contribua para "um mundo mais justo e pacífico" e de que os Estados Unidos continuem sendo um "parceiro histórico" do Brasil.