Joe Biden acredita que poderia ter conquistado a reeleição se tivesse continuado na corrida pela Casa Branca, segundo uma entrevista publicada nesta quarta-feira (8), mas reconhece que não tem certeza se conseguiria cumprir outro mandato completo.
O USA Today perguntou ao democrata de 82 anos, que deixará o cargo em 20 de janeiro, se ele acha que a vitória sobre o republicano Donald Trump era uma perspectiva realista no último mês novembro.
"Acho que sim", respondeu ele, citando uma pesquisa que não especificou.
Mas "também não queria ser presidente aos 85, 86 anos. E por isso falei sobre passar o bastão", afirmou Biden. "Mas não sei. Quem diabos sabe? Até agora, tudo está bem. Mas quem sabe como estarei quando tiver 86 anos?"
Biden, o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, foi alvo de grande pressão de seu próprio partido, que questionava suas capacidades após seu desastroso debate televisivo contra Trump, no qual o democrata perdeu o raciocínio do que dizia várias vezes e se mostrou confuso.
Ele tem concedido menos entrevistas e coletivas de imprensa do que qualquer outro presidente desde Ronald Reagan, e o USA Today era o único meio impresso agendado para um encontro cara a cara antes que Biden deixasse o cargo.
Quando perguntado sobre o que lamenta nos últimos quatro anos, Biden não mencionou o debate nem sua decisão de quebrar a promessa de ser um presidente de um único mandato e uma "ponte" para a próxima geração.
Em vez disso, ele se queixou da desinformação e das mentiras espalhadas por Trump e outros sobre os dois atentados de Ano Novo em Nova Orleans e Las Vegas, e sobre o ritmo dos projetos de infraestrutura.
"Acho que teríamos nos saído muito melhor se tivéssemos sido capazes de colocar em marcha mais rapidamente alguns desses projetos", disse.
Diante da possibilidade de indultos preventivos para aqueles que possam estar no alvo do líder republicano quando ele voltar ao poder, Biden confirmou que está considerando, mas que ainda não tomou uma decisão.
Ele contou ter dito a Trump durante sua reunião no Salão Oval, pouco depois das eleições, para não perseguir aqueles que considera seus inimigos porque, segundo ele, "tentar ajustar contas" prejudicará o próprio republicano.
Trump o ouviu, mas não respondeu, explicou Biden.
Quanto ao seu legado, o democrata disse que quer ser lembrado por ter um plano para restaurar a economia após a pandemia e restabelecer a liderança global dos Estados Unidos. "E espero que (a história) registre que fiz isso com honestidade e integridade, que disse o que pensava."
* AFP
