Ao menos 16 pessoas morreram nesta quarta-feira (6) em um bombardeio russo que atingiu um mercado na cidade de Konstantinovka, leste da Ucrânia. O ataque atingiu um mercado, lojas e uma farmácia.
— A artilharia dos terroristas russos matou 16 pessoas na cidade de Kostantinovka, na região de Donetsk. Infelizmente, o número de mortos e feridos pode aumentar — afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, nas redes sociais.
Imagens das câmeras de segurança mostram uma rua comercial tranquila quando, de repente, se ouve o estrondo de um projétil e, em seguida, uma explosão muito forte. Outro vídeo mostra edifícios em chamas. A Procuradoria-Geral informou um total de 31 feridos. "As operações de resgate continuam. Mas há pessoas sob os escombros", afirmou a instituição.
Um ataque com drones explosivos russos já havia provocado uma morte durante a manhã na região de Odessa, onde os portos utilizados para exportar grãos foram alvo de bombardeios.
Visita norte-americana
O ataque que coincide com a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Kiev, onde deve anunciar uma ajuda de um bilhão de dólares (R$ 4,9 bilhões na cotação atual) em uma visita surpresa ao país — a quarta desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022.
Durante o encontro com o chefe da diplomacia ucraniana, Dmitro Kuleba, antes do bombardeio ao mercado, o secretário de Estado americano reafirmou a determinação dos EUA de apoiar Kiev para alcançar a liberação dos territórios ocupados.
— Queremos garantir que a Ucrânia disponha de tudo o que necessita a longo prazo (...) e de fortes meios de dissuasão — afirmou.
Um alto funcionário da sua equipe disse aos jornalistas que esperavam "anunciar mais de um bilhão de dólares em um novo financiamento dos EUA para a Ucrânia no curso desta visita".
O Kremlin, por sua vez, acusou os Estados Unidos de "manterem a Ucrânia em estado de guerra" e garantiu que a sua assistência não pode "influenciar o resultado da operação militar especial", eufemismo utilizado na Rússia para se referir a esta invasão.
Contraofensiva ucraniana
A Ucrânia lançou uma contraofensiva em junho contra as tropas russas que ocupam quase 20% do território no sul e no leste de seu território.
Entretanto, o progresso tem sido lento e complicado, diante de um território fortemente minado e da resistência russa, mas Kiev está confiante de uma reviravolta após tomar a localidade de Robotyne no final de agosto, o que poderá abrir o caminho para o sul e para a península da Crimeia.
Moscou nunca reconheceu a cessão desta região e o Ministério da Defesa russo disse na quarta-feira que repeliu quatro ataques ucranianos na área.
Blinken deverá se reunir com Zelensky para discutir a contraofensiva, assim como uma futura "reconstrução" do país, que já estava entre os mais pobres da Europa antes da invasão, segundo o comunicado do Departamento de Estado.
Em Kiev, o secretário de Estado foi a um cemitério deixar um buquê de flores em memória aos soldados ucranianos da linha de frente.
"Libertar cada centímetro"
Durante sua viagem de trem a Kiev, Blinken conheceu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que fez um discurso no Parlamento ucraniano pela manhã.
O americano agradeceu a Frederiksen pela "liderança da Dinamarca", que anunciou há duas semanas que, juntamente com a Holanda, iria entregar caças F-16 à Ucrânia.
Os deputados votaram a favor da substituição de Oleksiy Reznikov, que se tornou um dos rostos da resistência ucraniana, mas foi forçado a deixar o cargo devido a escândalos de corrupção em seu ministério.
O seu sucessor é Rustem Umerov, 41 anos, uma figura importante na comunidade tártara da Crimeia e que tem reputação de negociador discreto e pragmático.
"Farei tudo o possível e impossível pela vitória da Ucrânia, quando tivermos libertado cada centímetro do nosso país e de todos os nossos", disse Umerov no Facebook.
* AFP