Os cinco ex-prisioneiros americanos no Irã libertados em virtude de um acordo de troca de prisioneiros com Washington, com a mediação do Catar, estão viajando para os Estados Unidos nesta segunda-feira (18).
Os cinco, assim como dois membros de suas famílias, deixaram o Irã e aterrissaram no Aeroporto Internacional de Doha por volta das 17h40 locais (11h40 em Brasília) antes de partirem para Washington, disse à AFP uma fonte próxima do caso.
A Casa Branca confirmou que o presidente Joe Biden manteve uma conversa "cheia de emoção" com as famílias dos americanos que saíram do Irã.
Em Nova York, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que tinha conversado com os americanos libertados depois de sua chegada a Doha, onde foram recebidos na pista com abraços, e classificou o diálogo de "comovente".
Pouco antes, o montante de 6 bilhões de dólares (cerca de R$ 29 bilhões, na cotação atual) em fundos iranianos congelados na Coreia do Sul foi transferido para a República Islâmica, uma transação anunciada em Doha e confirmada por responsáveis iranianos.
A transferência faz parte de um acordo que também prevê a libertação de cinco prisioneiros iranianos por parte dos Estados Unidos. Dois deles, que se beneficiaram de um indulto, também chegaram a Doha nesta segunda antes de seguirem para o Irã, informaram meios iranianos.
Os outros três ex-prisioneiros libertados não desejam ir para o Irã.
A transferência de fundos para seis contas iranianas em dois bancos no Catar foi feita nesta segunda.
"Hoje, o equivalente a 5.573.492.000 euros foi depositado na conta de bancos iranianos", disse Mohammadreza Farzin, governador do banco central iraniano, em Teerã.
- Tensões em baixa -
O acordo foi anunciado em 10 de agosto e cinco americanos de origem iraniana que estavam detidos no Irã foram transferidos ainda nesse mesmo mês para prisão domiciliar.
Entre eles está o empresário Siamak Namazi, preso em 2015 e condenado a dez anos em 2016 por espionagem.
"Obrigado presidente [Joe] Biden por priorizar a vida humana à política", disse ele em comunicado.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, também saudou a libertação dos prisioneiros, um dos quais, Morad Tahbaz, também tem cidadania britânica.
Entre os cinco iranianos que serão libertados pelos Estados Unidos estão Reza Sarhangpour e Kambiz Attar Kashani, acusados de "evasão das sanções americanas" contra o Irã.
Segundo alguns especialistas, este acordo demonstra uma relativa melhora das relações entre Washington e Teerã, mas isso não significa que essa boa vontade levará a uma definição sobre a questão nuclear iraniana.
Nesta segunda, o porta-voz do secretário-geral da ONU disse acreditar que o ocorrido leve a "uma maior cooperação e à diminuição das tensões" entre os dois países que não mantêm relações diplomáticas.
"Este processo, os compromissos que eram necessários para libertar esses americanos detidos injustificadamente, sempre estiveram separados dos nossos compromissos, ou da falta deles, com o Irã" sobre questões nucleares, disse Blinken.
Em 2022, as negociações lideradas pelos europeus para retomar o acordo nuclear iraniano de 2015 fracassaram. O pacto está moribundo desde a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o governo Donald Trump.
A troca de prisioneiros acontece no mesmo dia em que é esperada a chegada do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, a Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU.
Por casualidade ou coincidência, o governo Biden, criticado pela oposição republicana que considera a troca de prisioneiros um "resgate", anunciou hoje sanções contra o Ministério de Inteligência iraniano e o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad.
E o presidente americano prometeu nesta segunda "continuar sancionando o Irã por suas ações provocativas na região".
Washington assinala que os recursos desbloqueados não são "um cheque em branco" para o Irã e que apenas podem ser utilizados "com fins humanitários" sob "estrita vigilância".
O dinheiro que foi "cruelmente bloqueado até agora e está atualmente em posse da República Islâmica pertence ao povo [iraniano] e vamos usá-lo para satisfazer as necessidades do povo", disse o presidente Raisi em Nova York.
* AFP