Iraque, Irã, Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio condenaram, nesta quinta-feira (29), a queima de uma cópia do Alcorão por um iraquiano radicado na Suécia e alertaram que isso poderia "inflamar" os muçulmanos em todo o mundo.
Salwan Momika, de 37 anos, que fugiu para a Suécia há alguns anos atrás, pisou em uma cópia do Alcorão na quarta-feira e queimou várias páginas em frente à maior mesquita de Estocolmo.
A polícia concedeu permissão para o protesto, mas o ato causou indignação em todo o mundo muçulmano, especialmente por coincidir com o festival islâmico Eid al Ada.
O governo iraquiano, em um comunicado divulgado na quarta-feira, condenou com veemência "os atos repetidos de queimar cópias do Alcorão sagrado por indivíduos com mentes extremistas e perturbadas".
"Essas ações demonstram um espírito de ódio e agressividade que vai contra os princípios da liberdade de expressão", acrescentou. "Eles não são apenas racistas, também promovem a violência e o ódio".
O líder xiita Moqtada Sadr, uma figura de grande influência política no Iraque, convocou uma manifestação em frente à embaixada sueca em Bagdá para exigir "a expulsão do embaixador".
O Irã se juntou à condenação, chamando a queima de "provocativa, impensada e inaceitável".
O governo talibã do Afeganistão também reagiu furiosamente à queima do Alcorão, chamando-a de "desprezo aberto por esta nobre religião e seus quase 2 bilhões de seguidores".
A Arábia Saudita, que acabou de receber 1,8 milhão de peregrinos para o hajj, concluído na quarta-feira, afirmou que "os atos de ódio repetidos não podem ser aceitos com nenhuma justificativa".
Da mesma forma, o Egito descreveu a queima do Alcorão como um "ato vergonhoso que provoca os sentimentos dos muçulmanos" no momento de celebrações do Eid.
A queima também foi condenada pela Liga Árabe e pelo Conselho de Cooperação do Golfo, além do Marrocos, que convocou seu embaixador em Estocolmo.
O Marrocos também criticou a "complacência" do governo sueco com a queima do Alcorão.
No Líbano, o influente movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã, acusou as autoridades suecas de "cumplicidade no crime".
O incidente também causou indignação na Turquia, onde o chanceler Hakan Fidan considerou que "fechar os olhos para atos tão perversos significa ser cúmplice".
Em janeiro, um extremista de direita sueco-dinamarquês queimou uma cópia do Alcorão perto da embaixada turca em Estocolmo e também gerou indignação nos muçulmanos em todo o mundo.
* AFP