O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, defendeu, em visita ao Sudão nesta quinta-feira (9), as operações do Grupo Wagner na África, que, segundo ele, "contribuem para normalizar a situação na região" frente à ameaça "terrorista".
O grupo privado russo está "mobilizado a pedido direto dos governos", assegurou Lavrov em Cartum.
Este grupo paramilitar, fundado em 2014, considerado pelos Estados Unidos uma organização criminosa transnacional, se impôs como um ator maior no conflito na Ucrânia. Seus mercenários também foram vistos na Síria e na Líbia.
Os Estados Unidos, que tentam há vários anos conter a influência russa na África, acusam o Grupo Wagner de "cometer violações dos direitos humanos e se aproveitar dos recursos naturais da África".
Em 2020, Washington impôs sanções à M-Invest, empresa russa acusada de servir como "cobertura" para as atividades dos mercenários do Grupo Wagner no Sudão.
Segundo o Tesouro americano, a empresa obteve em 2017, sob o mandato do ditador Omar al-Bashir, "acordos de concessão para explorar os recursos em ouro" do Sudão, mas o país desmente a presença do grupo de segurança russo em seu território.
Lavrov se reuniu nesta quinta, em Cartum, com funcionários sudaneses e prometeu-lhes seu apoio para a suspensão das sanções da ONU contra o país.
A visita de dois dias do chefe da diplomacia de Moscou faz parte dos esforços russos para fortalecer sua influência no continente africano, em meio às tentativas internacionais de isolar a Rússia após a invasão da Ucrânia no ano passado.
"Estamos ao lado do Sudão em seu esforço de retirar as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse Lavrov em uma coletiva de imprensa junto ao ministro sudanês de Relações Exteriores, Ali al Sadiq.
O país africano reforçou, recentemente, o seu apelo à entidade para que suspenda as punições e o embargo de armas imposto durante o conflito na região de Darfur, em 2005.
Lavrov também se reuniu com o chefe do Exército, Abdel Fattah Al Burhan, que, em outubro de 2021, coordenou o golpe militar que pôs fim à transição ao governo civil no Sudão, que levou a cortes na ajuda de países ocidentais.
A visita do ministro russo ao Sudão é a última escala de uma viagem que incluiu Mali e Mauritânia. No mês passado, ele também visitou a Eritreia, Angola, Essuatíni (antiga Suazilândia) e África do Sul.
* AFP