Ao menos duas bombas explodiram nesta quarta-feira (19) em frente a uma prisão de Yangon, a capital econômica de Mianmar, deixando oito mortos e 18 feridos, anunciou a junta militar.
Um comunicado divulgado pela junta afirma que as bombas tinham como alvo uma multidão reunida para entregar pacotes a parentes e amigos detidos na prisão de Insein.
Os militares atribuíram a responsabilidade a "terroristas" e informaram que três funcionários da prisão e uma menina de 10 anos estão entre as vítimas fatais.
As forças de segurança desativaram outro "explosivo de fabricação caseira" na mesma área, destacou a junta militar.
Uma mulher que esperava na fila perto do local onde os pacotes são depositados disse à AFP que a primeira explosão ocorreu às 9h30 locais.
"Rapidamente aconteceram outras duas explosões. E depois tiros", disse a testemunha, que pediu anonimato.
De acordo com outra testemunha, as forças de segurança isolaram a área próxima à prisão, criada no período colonial e que, de acordo com grupos de defesa dos direitos humanos, abriga centenas de presos políticos desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021.
A ex-embaixadora britânica em Mianmar, Vicky Bowman, e o jornalista japonês Toru Kubota estão detidos no local.
Imagens transmitidas pela mídia local mostram sangue no chão ao redor de um balcão com janelas quebradas atrás.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque.
Um porta-voz da junta não respondeu aos pedidos de comentários da AFP.
A organização de direitos humanos Anistia Internacional disse estar "extremamente perturbada pelos relatos e imagens das explosões na prisão de Insein (...) ninguém deveria morrer levando pacotes para entes queridos detidos", acrescentou.
O país é cenário de um violento conflito interno desde que os militares tomaram o poder em um golpe e derrubaram do poder o governo civil de Aung San Suu Kyi.
Milícias civis surgiram em todo o país e pegaram em armas para combater o exército, que foi surpreendido com sua eficácia, segundo vários analistas.
Em todo o país do Sudeste Asiático, assassinatos de membros da junta militar ou pessoas acusadas de serem seus informantes são relatados quase todos os dias. O exército muitas vezes realiza represálias.
A maior parte da violência ocorre em áreas rurais, mas grupos antirregime também têm como alvo representantes do poder e infraestruturas nas cidades.
Em julho, uma explosão perto de um shopping center em Yangon matou duas pessoas e feriu outras onze.
Desde o golpe, mais de 2.300 pessoas foram mortas pelas forças de segurança e mais de 15.000 foram presas, segundo uma ONG local.
A última avaliação de baixas civis atribuídas aos rebeldes pela junta chega a quase 3.900 mortos.
* AFP