O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson retornou neste sábado (22) a Londres, na Inglaterra, após um período de férias, em meio aos rumores de uma candidatura para voltar a ocupar o posto de chefe de governo após a renúncia de Liz Truss.
Três nomes aparecem com força até o momento na campanha relâmpago do Partido Conservador, que decidirá na próxima semana o novo primeiro-ministro do país: a atual ministra de Relações com o Parlamento, Penny Mordaunt, que anunciou a candidatura na sexta-feira; Rishi Sunak, ex-ministro das Finanças que perdeu a disputa para Truss em setembro; e Boris Johnson, que renunciou em julho após uma série de escândalos.
O novo chefe de governo terá que lidar com um Partido Conservador abalado pelas divisões, com a oposição trabalhista em grande vantagem nas pesquisas de intenção de voto e uma grave crise econômica, que inclui o caos nos mercados financeiros e uma inflação recorde em quatro décadas.
A disputa entre Johnson e Rishi Sunak domina a imprensa britânica neste sábado. "Johnson e Sunak lideram a corrida enquanto evapora a esperança de unidade", afirma a manchete do jornal The Independent. "As tribos conservadoras partem para a guerra", destaca o The Guardian.
O canal Sky News exibiu ao vivo o pouso de um avião da British Airways às 10h15min (6h15min do horário de Brasília) no aeroporto de Gatwick, no qual estaria Johnson, que encerrou as férias.
Na sexta-feira (21) à noite, um aliado de Boris Johnson no Parlamento, James Duddridge, afirmou que o ex-primeiro-ministro apresentaria a candidatura. "Ele disse: 'Vamos fazer isto, estou pronto'", relatou o deputado, que se comunicou com o ex-premiê por WhatsApp. Mas Johnson, que deixou o Parlamento em 20 de julho com a frase "Hasta la vista, baby!", ainda não anunciou oficialmente a candidatura.
Embora também não tenha anunciado suas intenções, Rishi Sunak, cujo pedido de demissão do governo precipitou a queda de Johnson, recebeu na sexta-feira o apoio mínimo de cem parlamentares conservadores para entrar oficialmente na disputa.
Caso apresente a candidatura e ninguém mais obtenha o respaldo de cem parlamentares, Sunak se tornaria automaticamente o novo líder do Partido Conservador e primeiro-ministro.
"A pior ideia em 46 anos"
Liz Truss renunciou na quinta-feira (20), depois de apenas 44 dias no cargo, período marcado pela crise econômica provocada em particular pelas próprias decisões dela.
Os aspirantes à sucessão devem apresentar até 14h (10h do horário de Brasília) de segunda-feira (24), o apoio de pelo menos cem dos 357 parlamentares conservadores, o que limita a disputa a três candidaturas, no máximo.
Os deputados terão duas votações: a primeira reduzirá a disputa para dois nomes e a segunda servirá como "indicação" aos membros do partido sobre a opção preferida dos parlamentares. Depois, exceto se um dos dois candidatos retirar seu nome da disputa, os 170 mil afiliados do Partido Conservador definirão a questão em uma votação virtual até 28 de outubro.
O portal político Guido Fawkes, que monitora os apoios dos deputados a cada possível candidato, registrava neste sábado 107 votos para Sunak, 71 para Johnson e 25 para Mordaunt. Ao mesmo tempo, os aliados de Sunak fazem campanha na imprensa:
— Tenho certeza de que vai concorrer. É o candidato ideal. Se você observa o desafio econômico que enfrentamos, ele é quem sempre teve razão sobre o que precisamos — declarou ao canal Sky News o ex-ministro da Justiça Dominic Raab.
William Hague, ex-presidente do Partido Conservador, alertou que um retorno de Boris Johnson levaria a uma "espiral da morte".
— É provavelmente a pior ideia que ouvi nos 46 anos que tenho como membro do partido — declarou Hague à emissora Times Radio.