Mergulhadores que inspecionaram neste domingo (17) o casco de um navio petroleiro afundado no dia anterior na costa da Tunísia com 750 toneladas de diesel, garantiram que não há vazamentos, indicaram as autoridades tunisianas.
Os profissionais que analisaram as imediações do navio asseguram que "afundou a uma profundidade de quase 20 metros, na posição horizontal e não apresenta fissuras", segundo o Ministério do Ambiente tunisiano.
"Nenhum vazamento foi registrado no carregamento de diesel", acrescentou o ministério em comunicado.
A equipe de mergulhadores foi acompanhada "pelo capitão e mecânico do navio, que conhecem sua configuração", disse Mohamed Karray, porta-voz do tribunal de Gabes, que abriu uma investigação sobre as causas do naufrágio.
O petroleiro Xelo, que partiu do porto de Damietta, no Egito, com destino a Malta, naufragou no sábado em águas tunisianas, onde havia solicitado a entrada para se proteger das más condições climáticas na noite de sexta-feira.
Por uma razão desconhecida, o navio-tanque, com 58 metros de comprimento e 9 metros de largura, começou a afundar.
As autoridades tunisianas então retiraram a tripulação, composta por sete pessoas, que estavam a bordo do navio em perigo.
Em um vídeo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente, só é possível ver a ponta de um mastro que sai da água. A área é controlada pelos militares e inacessível à imprensa.
- Operação delicada -
De acordo com o ministro dos Transportes, Rabie el Majidi, durante o resgate, os socorristas "certificaram-se de fechar os porões para evitar vazamentos de diesel e os mergulhadores verificaram que estão intactos".
"A situação não é perigosa, o diagnóstico é positivo, o navio está estável porque felizmente afundou na areia", disse o ministro em entrevista coletiva no domingo no porto de Gabes, juntamente com o ministro do Meio Ambiente.
A prioridade das autoridades agora é bombear o diesel para evitar a contaminação do local. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Leila Chikhaoui, "é perigoso, mas possível".
É "muito delicado para os mergulhadores localizar as saídas [dos porões] para fazer o bombeamento", acrescentou Majidi, minimizando a amplitude dos riscos ao dizer que "750 toneladas de diesel não são nada" e "o diesel evapora facilmente no sol".
As autoridades instalaram barreiras antipoluição em um perímetro de 200 metros ao redor do naufrágio.
Afirmam também ter recebido propostas de ajuda de países estrangeiros, sem especificar quais. Segundo a mídia local, a Itália teria proposto um navio especializado na gestão de desastres marítimos.
- Documento desaparecido -
Os oficiais tunisianos também estão interessados na trajetória do navio (registro IMO 7618272), construído em 1977 e que possui a bandeira da Guiné Equatorial, e seus proprietários, um líbio e um turco, segundo a promotoria de Gabes.
"A tripulação deixou o 'conhecimento de embarque' no navio, um documento importante" [sobre a trajetória e a carga do navio], disse a ministra Leila Chikhaoui.
O Ministério dos Transportes indicou que queria "verificar a natureza comercial exata do navio e sua jornada nas últimas semanas".
Segundo o ministério, o navio esteve estacionado de 4 a 8 de abril no porto tunisiano de Sfax, uma grande cidade industrial localizada a norte de Gabes, "para mudar de tripulação, reabastecer e fazer pequenas reparações, sem carga nem descarga".
Alguns veículos de comunicação locais lembraram a proximidade do Golfo de Gabes com a Líbia, importante país produtor de petróleo, cujas costas têm sido palco de tráfico de hidrocarbonetos nos últimos anos.
Enquanto isso, a organização de proteção à natureza WWF alertou contra "uma nova catástrofe ambiental na região".
A zona de Gabes, que "tem cerca de 34.000 pescadores que sofrem de poluição química há décadas", sofreu episódios de contaminação nos últimos anos devido às indústrias de transformação de fosfato que estão instaladas ali e pela presença de um oleoduto que transporta petróleo do sul da Tunísia.
* AFP