As forças de segurança sudanesas mataram nesta segunda-feira (14) dois manifestantes durante um protesto exigindo o governo civil, aumentando o número de mortos na repressão após o golpe do ano passado.
O país está abalado por intensos protestos desde o golpe de 25 de outubro, liderado pelo general Abdel Fatah al-Burhan, e a repressão às manifestações deixou dezenas de mortos.
O primeiro manifestante morto foi ferido "no pescoço e no peito por tiros" das forças de segurança, informou o Comitê Central de Médicos Sudaneses, uma organização pró-democracia, que estima que 80 pessoas morreram nos protestos.
Horas depois, o mesmo comitê informou que um segundo homem que participou da marcha morreu após ter sido atingido "por um tiro no peito".
Segundo a organização pelo menos 81 pessoas teriam morrido nos protestos.
Os manifestantes foram às ruas na segunda-feira na capital, Cartum, e na cidade vizinha de Omdurman, segundo jornalistas da AFP. Também houve manifestações em Port Sudan e na região de Darfur, segundo testemunhas.
Em Cartum, milhares de manifestantes agitaram bandeiras sudanesas e balões vermelhos, símbolo do Dia de São Valentim, com faixas com dizeres como "hoje é o dia do amor à nação".
Quando a multidão se aproximou do palácio presidencial, as forças de segurança tentaram dispersar a manifestação com granadas de gás lacrimogêneo.
"Exigimos a libertação dos membros do Comitê de Residência e dos políticos presos injustamente por falsas acusações", Khaled Mohamed, um dos manifestantes.
Esta semana, os manifestantes pedem, além da saída dos militares do poder, a libertação de presos políticos após a prisão de dois altos funcionários do governo deposto: um ex-membro do conselho que regulamentou a transição política após a ditadura e o ex-ministro Jalid Omer Yusif.
O golpe de Estado encerrou um frágil acordo governamental negociado entre militares e civis após a queda do regime de Omar al Bashir em 2019.
* AFP