Na primeira semana de fevereiro, 24 pessoas morreram e mais de 30 ficaram hospitalizadas após o consumo de cocaína adulterada em Buenos Aires, na Argentina. Dois estudos foram realizados por peritos independentes com amostras da cocaína apreendida pela polícia no bairro Puerta 8, onde a droga era distribuída. Foi constatada adição de carfentanil.
A substância começou a ser descoberta após alguns dos pacientes reagirem a um antídoto para a intoxicação por opioides. Assim, foi levantada a hipótese de que a overdose poderia ter sido causada por carfentanil, ou um dos seus derivados, que foi misturado com a cocaína.
Segundo um artigo publicado pela Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA), o carfentanil é um opioide sintético que é aproximadamente 10 mil vezes mais potente que a morfina e 100 vezes mais potente que o fentanil — mesma droga que foi apontada no exame toxicológico de jovem que teve barriga aberta em praia do Espírito Santo.
Dependendo da forma como é administrado, o carfentanil pode ser fatal com apenas 2 miligramas e o mero ato de tocar na substância é perigoso, pois ela pode ser absorvida pela pele. A China é a principal fabricante da droga no mundo e seu comércio é feito através do mercado clandestino, principalmente na internet.
Contudo, quando adquirido de forma regularizada, o carfentanil pode ser administrado como anestésico de animais de grande porte, como elefantes - mas vale ressaltar que a droga não está disponível para veterinários na Argentina.
Após o caso de intoxicação generalizada ter sido elucidada, um debate sobre como a droga poderia ter entrado no país. De acordo com o jornal La Nación, o carfentanil foi incluído em uma lista de substâncias proibidas em agosto de 2019. O chefe de Toxicologia do Hospital Fernández, Carlos Damin afirmou que a substância "é usada em países como Canadá, Estados Unidos e México para ser adicionada à heroína e ao fentanil, então provavelmente alguém poderia tê-lo usado em pequenas quantidades para testar."
— Não é como a cetamina, que pode ter uso humano ou veterinário. Portanto, há duas alternativas: ou a droga já foi introduzida em sua forma acabada, ilegalmente, ou [...] ela está sendo processada em algum laboratório — afirmou Sergio Saracco, presidente da Associação Argentina de Toxicologia.
Ainda de acordo com as autoridades, o caso ainda segue sendo investigado.