Em tom de denúncia à repressão crescente dos talibãs, militantes feministas afegãs disseram à agência de notícias AFP que precisam se esconder para preservar sua segurança. Isso ocorre dias depois de uma de suas manifestações ter sido dispersada com gás lacrimogêneo por combatentes talibãs.
Ao menos uma participante da manifestação de domingo (16) foi detida na quarta-feira (19) à noite, segundo quatro ativistas, que afirmam que seu movimento é alvo de várias buscas policiais e temem pela sua segurança. Outra manifestante divulgou nas redes sociais um vídeo no qual é vista em pânico na noite de quarta-feira, afirmando que combatentes talibãs batiam na sua porta. As duas ativistas continuam desaparecidas nesta quinta-feira (20).
Outra ativista explicou à AFP que os talibãs foram à sua casa na quarta-feira, mas não a encontraram porque estava fora.
— Não podemos ficar em casa, nem mesmo à noite — denunciou outra manifestante, também sob anonimato.
Essas ativistas — que se manifestam várias vezes em Cabul e são muito ativas nas redes sociais — mudam frequentemente de número de telefone. Desde a manifestação de domingo, que reuniu cerca de 20 pessoas, algumas também se viram obrigadas a mudar de casa.
Contatado pela AFP, um porta-voz do governo Talibã não quis fazer nenhum comentário.
Embora os islâmicos afirmem que estão mais tolerantes do que no seu governo anterior, entre 1996 e 2001, a realidade mostra que, desde seu retorno ao poder em agosto, eles excluem progressivamente as mulheres da vida pública.
A maioria delas está privada de acesso ao trabalho público, e grande parte das escolas de ensino médio para meninas está fechada. Além disso, as mulheres não são autorizadas a fazer viagens longas sem estarem acompanhadas por um homem de sua família .