A vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, investiu nesta quinta-feira (9) contra organizações de defesa dos direitos humanos, críticas da repressão do governo contra a oposição, e chamou seu trabalho de "uma arma de destruição".
Aos "(países) que não somos submissos nos situam na categoria que eles querem porque os direitos humanos - e hoje dizem que é o dia dos direitos humanos - se tornaram agenda destes organismos, se tornaram uma arma de destruição", disse Murillo, porta-voz do governo e esposa do presidente Daniel Ortega, em sua tradicional fala à imprensa oficial.
Segundo a primeira-dama, no mundo mundo "não há nenhum interesse em respeitar os direitos humanos" e "usam o termo (...) para dizer: 'aqui (se respeitam) e aqui não', ao gosto do genocida imperialista", destacou.
A Nicarágua, governada desde 2007 pelo presidente Ortega, reeleito nas eleições de novembro para um quarto mandato consecutivo de cinco anos, tem sido fortemente criticada por organizações humanitárias e países como os Estados Unidos por violar os direitos humanos.
Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), nos protestos que eclodiram contra o governo Ortega, em 2018, morreram pelo menos 355 pessoas devido à repressão, centenas foram presas e 103.000 se exilaram.
A perseguição aos opositores aumentou em 2021 antes das eleições, com a prisão de 41 pessoas, entre elas sete pré-candidatos à Presidência, acusados pelo Ministério Público de conspiração e outros crimes.
Os Estados Unidos responderam à nova onda repressiva e à reeleição de Ortega com novas sanções contra funcionários e pessoas próximas do governo nicaraguense (mais de 40 sanções desde 2018).
Nesta quarta, o Conselho Permanente da OEA voltou a pedir que Manágua liberte os opositores, após aprovar uma declaração em que oferecem enviar uma missão de bons ofícios para "restabelecer" a democracia no país.
* AFP