A justiça nicaraguense decidiu nesta quinta-feira (2) processar e manter em prisão preventiva a candidata presidencial Cristiana Chamorro e outros acusados de lavagem de dinheiro, apenas 67 dias antes das eleições gerais.
O Ministério Público (MP) informou que "a autoridade judiciária manteve a medida cautelar de prisão preventiva e encaminhou o caso a julgamento", durante uma audiência inicial realizada no estabelecimento prisional de El Chipote.
O MP não divulgou quando será a data de início do julgamento nem especificou qual será o tribunal responsável pelo caso.
Chamorro, 67, está em prisão domiciliar desde 2 de junho, depois que o MP iniciou uma investigação por lavagem de dinheiro por meio da fundação que leva o nome de sua mãe; a ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro.
A ONG, que fechou em fevereiro, é um centro de formação de jornalistas e defesa da liberdade de imprensa. Durante 20 anos esteve sob a direção de Cristiana Chamorro.
Chamorro negou as acusações da promotoria e atribuiu o caso a um interesse do governo em impedi-la de disputar as eleições presidenciais de 7 de novembro.
As pesquisas de opinião dão a Chamorro o maior apoio dos cidadãos depois do presidente Daniel Ortega, que buscará um quarto mandato consecutivo.
O presidente de 75 anos esteve no governo entre 1979 e 1990, primeiro à frente de um Conselho de Administração e depois como presidente. Em 1990 foi derrotado pela ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro e voltou ao poder em 2007, onde permanece até hoje.
O processo eleitoral ocorre em meio a uma onda de prisões de 34 opositores e críticos de Ortega, dos quais sete eram candidatos à presidência, incluindo Chamorro.
Além de Cristiana e seus irmãos Pedro (na prisão) e Carlos Fernando Chamorro (no exílio), sete funcionários da fundação, quatro dos quais estão foragidos, também serão processados, segundo o MP.
A audiência, da qual detalhes não foram revelados, foi realizada na manhã desta quinta-feira, nas dependências da Prisão de Assistência Judiciária da Polícia, conhecida como El Chipote, a sudoeste de Manágua.
O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) condenou "o sigilo" das autoridades em relação à audiência e questionou se "continuarão as audiências secretas contra a lei". De acordo com a lei, as audiências devem ser públicas e realizadas em um tribunal.
O Cenidh também criticou que os parentes dos réus não puderam estar presentes na audiência ou entregar comida aos seus parentes; os policiais que guardam o local "os mandaram ir embora de forma hostil".
* AFP