
"Como o presidente Joe Biden entendeu isso tão mal?", perguntou o âncora da CNN americana, Jake Tapper, ao secretário de Estado americano no domingo (15), ao abrir uma entrevista sobre a tomada de Cabul pelo Talibã. O apresentador deixou clara a percepção geral no país — e na equipe de Biden — conforme os acontecimentos no Afeganistão se acumulavam: as coisas saíram do controle antes do imaginado.
Ao longo do domingo, nos bastidores e publicamente, autoridades americanas defenderam a retirada dos soldados, mas disseram ter havido um erro de cálculo. A expectativa do governo americano era de que o Talibã levasse meses até conseguir tomar a capital afegã, após a retirada das tropas.
— Aconteceu mais rapidamente do que esperávamos — disse Antony Blinken na televisão.
Da casa de campo presidencial em Camp David, Biden participou de uma teleconferência com a vice, Kamala Harris, Blinken e seu time de segurança nacional. Em férias de verão, ele não alterou os planos de voltar antes de quarta-feira à Casa Branca até o momento. Também não fez pronunciamentos públicos e nem deu entrevistas. Coube ao Departamento de Estado a tarefa de explicar publicamente o posicionamento do governo.
A Casa Branca divulgou uma fotografia do democrata, de camisa polo, em sua sala de controle diante das telas por meio das quais falou com a equipe. Mas a imagem que rodou o mundo foi justamente a que Biden prometeu que não se repetiria: a de soldados americanos evacuados do Afeganistão pelo telhado da embaixada, em avião militar. A imagem rapidamente foi associada à de Saigon, no Vietnã.
— Isso não é Saigon — rebateu Blinken, ao vivo na televisão. — Fomos ao Afeganistão há 20 anos com uma missão, e essa missão era lidar com as pessoas que nos atacaram em 11 de setembro (de 2001). E nós tivemos sucesso nessa missão — disse o secretário de Estado.