Mais de 60 migrantes, a maioria procedente da África Subsaariana, morreram afogados em menos de 72 horas no litoral da Tunísia, quando tentavam cruzar o Mediterrâneo para chegar à Europa ilegalmente a bordo de embarcações precárias.
A Guarda Costeira tunisiana recuperou, nesta segunda-feira (5), 21 corpos de migrantes da África Subsaariana e resgatou 50 na costa de Sfax, no centro do país, após o naufrágio de uma embarcação que tentava chegar clandestinamente à Europa.
Esses migrantes, todos eles subsaarianos, tentavam chegar à Europa, disse à AFP Hucem Eddin Jebabli, porta-voz da Guarda Nacional da Tunísia, acrescentando que a embarcação naufragou em 4 de julho.
Além disso, em 3 de julho, uma embarcação procedente da Líbia com 127 passageiros a bordo afundou na costa de Zarzis, no sul da Tunísia.
Os sobreviventes, de entre 3 e 40 anos, são "de diversas nacionalidades", disse em nota o ministério da Defesa tunisiano, mencionando países como Bangladesh, Sudão, Eritreia, Egito e Chade.
No total, desde 26 de junho, quatro embarcações que saíram de Sfax naufragaram desde 26 de junho, 78 migrantes foram resgatados e 49 corpos recuperados, segundo a mesma fonte.
- Recorde desde 2011 -
Em 2020, as saídas da Tunísia para a costa europeia alcançaram um pico que não era visto desde 2011. A maioria dos aspirantes ao exílio não é mais de tunisianos.
Os estrangeiros, principalmente da África Subsaariana, constituíram 53% dos migrantes que chegaram à Itália vindos da Tunísia no primeiro trimestre de 2021, segundo a ONG Fórum Tunisiano pelos Direitos Econômicos e Sociais (FTDES).
As tentativas de emigrar da Líbia também aumentaram, com 11.000 partidas entre janeiro e abril de 2021, 73% a mais do que no mesmo período do ano passado, particularmente consequência da deterioração das condições de vida dos estrangeiros neste país, de acordo com a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Um sinal de que as partidas continuam aumentando, na madrugada desta segunda-feira o Ocean Viking - navio de salvamento da ONG SOS Méditerranée - recebeu 369 novos migrantes a bordo, após seis operações de resgate realizadas em poucos dias.
Este navio tem agora 572 sobreviventes a bordo, informou a ONG em sua conta do Twitter.
A Tunísia, por sua vez, resgatou e amparou desde o início do ano mais de mil migrantes que saíram da Líbia e que naufragaram em seu litoral, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM, agência da ONU).
Desde o início de 2021, pelo menos 866 migrantes morreram ou desapareceram, em sua tentativa de atravessar o Mediterrâneo, de acordo com as últimas estatísticas fornecidas pela OIM.
A ONU recentemente pediu à Líbia e à União Europeia (UE) que reformem suas operações de busca e resgate no Mediterrâneo, alegando que suas práticas atuais privam os migrantes de seus direitos e dignidade, quando não perdem a vida.
* AFP