O Estado-Maior do Exército de El Salvador impediu, nesta segunda-feira (21), um juiz de acessar seus arquivos em busca de evidências sobre o massacre de El Mozote, no qual cerca de mil pessoas foram executadas na guerra civil (1980-1992).
O juiz de San Francisco Gotera (leste), Jorge Guzmán, foi às instalações do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas em San Salvador, onde pretendia conduzir um processo judicial de busca de informações sobre o massacre nos arquivos dessa guarnição, mas os militares não permitiram sua entrada, constatou a AFP.
Em novembro do ano passado, o presidente Nayib Bukele disse que seu governo estava disposto a abrir os arquivos militares "sem necessidade de ordem judicial".
O juiz Guzmán definiu, em agosto, um calendário para a busca de evidências sobre o massacre em arquivos militares, e notificou o ministério da Defesa.
No outro portão de entrada ao Estado-Maior, advogados de organizações que defendem as vítimas do massacre também tentaram entrar para constatar o processo judicial de revisão dos arquivos. Mas também foram impedidos de entrar.
"Estamos denunciando a intransigência, a recusa reiterada do ministro da Defesa (René Francis Merino) de permitir o acesso aos arquivos militares para procurar provas do Massacre de El Mozote", disse à AFP o advogado da organização Cristosal, David Morales, que defende as vítimas do massacre.
A guerra civil terminou em 16 de janeiro de 1992 após deixar mais de 75.000 mortos e desaparecidos.
* AFP