A República da Irlanda está enfrentando a recessão mais séria de sua história devido às consequências da pandemia de coronavírus, que desencadeará um aumento no desemprego, alertou o think tank do Instituto de Pesquisa Econômica e Social (ESRI) nesta quarta-feira (27).
Segundo o ESRI, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cairá 12,4% este ano.
Essa é uma previsão um pouco mais pessimista do que a do Ministério das Finanças (-10,5%) e do Banco da Irlanda (-8,3%).
A estimativa do ESRI é baseda no fim do confinamento em agosto e, em seguida, no lento retorno à normalidade, que pesará na economia por um longo tempo.
No entanto, ele ressalta que uma rápida recuperação econômica após o fim das restrições limitaria a queda do PIB a 8,6% este ano.
Por outro lado, uma segunda onda de infecções poderia agravar a recessão e levar a economia nacional a diminuir em 17,1%.
"Seja qual for o cenário, a economia irlandesa experimentará a maior retração de sua história", que afetará fortemente o consumo, o investimento e o comércio exterior, segundo a ESRI.
As consequências serão consideráveis para uma população cuja taxa de desemprego já subiu para 28% em abril, quase o dobro da registrada após a recessão de 2008 durante a crise financeira.
O ESRI espera que a taxa de desemprego seja superior a 17% para todo o ano de 2020.
"A magnitude do choque que estamos enfrentando é sem precedentes e incomparável na história econômica moderna", diz o co-autor do relatório, Conor O'Toole.
A crise da saúde fará com que o déficit público do país suba rapidamente para 27 bilhões de euros ( 29,5 bilhões dólares), ou 9% do PIB, devido ao custo das medidas de apoio à economia e à queda da receita tributária.
"O financiamento desses déficits será um dos principais desafios nos próximos meses e decisões difíceis terão que ser tomadas", alerta o ESRI.
A pandemia fez 1.615 vítimas fatais na Irlanda, mas na segunda-feira o país viveu seu primeiro dia sem novas mortes desde o final de março.
Na semana passada, o governo decidiu facilitar o confinamento, permitindo que alguns funcionários retornassem ao trabalho, a reabertura de certos negócios e a retomada de atividades como golfe e tênis.
* AFP