Um porta-voz do grupo talibã afirmou nesta segunda-feira (27) que o grupo insurgente derrubou um avião com militares americanos no Afeganistão. Os Estados Unidos confirmam a queda de uma aeronave de suas Forças Armadas no país, mas dizem que não há sinais de que a queda tenha sido provocada por inimigos.
— O avião, que estava em uma missão de inteligência, foi derrubado em Sado Khel, área do distrito de Deh Yak, da província de Ghazni — declarou Zabihullah Mujahid, do Taleban, em um comunicado.
Ele disse que todas as pessoas a bordo morreram, incluindo oficiais de alta patente.
No meio da tarde, o porta-voz das Forças Armadas americanas, coronel Sonny Leggett, escreveu no Twitter que uma aeronave E-11A geralmente usada para tarefas de vigilância eletrônica de fato caiu na província de Ghazni, mas que, "apesar de a causa do acidente estar sendo investigada, não há indicações de que tenha sido causada por fogo inimigo".
Ele não disse quantas pessoas estavam a bordo. Autoridades americanas que falaram com a agência Reuters com a condição de não serem identificadas disseram que menos de cinco pessoas estavam na aeronave. Um deles disse que eram ao menos duas pessoas, segundo informações iniciais.
Mais cedo, a Autoridade Civil de Aviação Afegã (ACAA) informou a queda de um avião, acrescentando que não era um voo comercial.
A aeronave caiu ao meio-dia (hora local, 5h30min em Brasília), de acordo com o porta-voz da polícia de Ghazni, Ahmad Khan Seerat. Segundo ele, a zona não é segura, devido à presença de insurgentes.
Já o porta-voz do governador de Ghazni, Aref Noori, disse não saber se era um avião militar ou civil.
O governo de Donald Trump tenta, desde 2018, fazer um acordo de paz com o Taleban para encerrar a guerra entre eles, que já dura 18 anos.
Em setembro de 2019, na véspera de um pacto, o presidente americano cancelou uma reunião secreta com o grupo, que aconteceria nos EUA, com a justificativa de que o Taleban esteve por trás de um ataque em Cabul que matou 12 pessoas.
No último dia 19, os insurgentes ofereceram um período breve de redução da violência, segundo noticiou o New York Times.
Está em debate a retirada de tropas americanas em troca de garantias de que o Afeganistão não seja usado como base para militantes que buscam atacar os EUA e seus aliados.
Trump defende a retirada de tropas do Afeganistão desde antes de ser eleito presidente. Ele reclama que os soldados fazem pouco mais do que um trabalho de polícia, que a guerra demanda muito dinheiro e prometeu que terminaria com esse conflito, que já dura quase 18 anos e começou após os ataques de 11 de setembro de 2001.
O Taleban, que na época governava o país, foi acusado de abrigar os terroristas que realizaram o atentado.
O grupo defende uma interpretação radical dos ensinamentos islâmicos. Durante o período em que esteve no poder, as mulheres não podiam estudar ou trabalhar e eram obrigadas a sair nas ruas com o rosto e o corpo completamente cobertos.
Após a invasão, o Taleban foi derrubado do governo em algumas semanas. Seus sobreviventes se esconderam ou foram para países vizinhos, como o Paquistão.
Nos anos seguintes, os Estados Unidos construíram bases militares no Afeganistão e ajudaram o país a montar um governo democrático.
Houve eleições a partir de 2004, mas queixas de fraude, corrupção e brigas afetaram a credibilidade do governo.
Enquanto isso, o Taleban foi ressurgindo e fazendo ataques, ao lado de outros grupos insurgentes. Eles consideram o atual governo afegão como um mero marionete dos EUA.