Setenta e seis ativistas do movimento de protesto argelino foram soltos nesta quinta-feira (2), incluindo Lakhdar Bouregaa, de 86 anos, veterano da Guerra de Independência e que se tornou um símbolo da repressão.
Bouregaa deixou a prisão onde esteve detido preventivamente desde 30 de junho.
"Seu julgamento, que deve começar nesta [quinta-feira] de manhã, foi adiado e o juiz decidiu libertá-lo", contou à AFP seu advogado, Abdelghani Badi.
O advogado afirmou que Bouregaa comparecerá livre no processo, adiado para 12 de março.
Segundo a TV estatal, além de Bouregaa, foram libertadas 75 pessoas que estavam detidas no âmbito do "Hirak", movimento de protesto popular iniciado em 22 de fevereiro.
Alguns foram soltos antes do fim da sua pena, embora a maioria estivesse em prisão provisória.
Teriam sido libertados, assim, perto da metade dos 140 "detidos do Hirak", contabilizados previamente pelo Comitê Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), associação que os apoia.
Seu presidente, Kaci Tansaout, entrevistado pela AFP, indicou que com estas ordens de libertação surpresa, o governo quer ganhar a simpatia dos manifestantes.
Bouregaa, cuja prisão em 30 de junho provocou uma onda de indignação, foi preso depois de criticar o poderoso chefe de gabinete do Exército Ahmed Gaid Salah, um general agora falecido. À época, emergia como o homem forte do país, após a renúncia do presidente Abdelaziz Buteflika em abril.
O chefe de gabinete lançou uma enorme campanha de repressão em junho passado, que levou à prisão de pelo menos 180 manifestantes, ativistas, ou jornalistas, especialmente por levantar bandeiras berberes, ou por suas publicações nas redes sociais.
* AFP