A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, disse nesta quinta-feira (14) que o ex-presidente Evo Morales, que está asilado no México, "não está habilitado" para se candidatar a um quarto mandato nas próximas eleições. Segundo ela, as eleições de outubro, vencidas por Evo no primeiro turno, foram anuladas por "irregularidades".
— Evo Morales não está habilitado para um quarto mandato, por isso foi toda essa convulsão. Os senhores Evo Morales e Álvaro García (ex-vice-presidente) não estão habilitados para um quarto mandato — enfatizou em coletiva de imprensa.
Entretanto, Jeanine Añez ressaltou que o partido do ex-presidente, o Movimento Ao Socialismo (MAS) "tem direito de participar nas eleições gerais", esclareceu, recomendando "que vá buscando candidato".
Evo Morales, que governou a Bolívia por quase 14 anos, foi habilitado por uma polêmica sentença do Tribunal Constitucional em 2017 para candidatar-se a um quarto mandato. A decisão foi adversa a um referendo nacional, que lhe havia negado um ano antes essa possibilidade a ele. Evo argumentou que o Tribunal estava "violando seus direitos humanos" ao impedir sua candidatura, o que foi aceito pela Corte.
Diante das objeções de que foi proclamada sem o quórum regulamentar, o mesmo tribunal avalizou na segunda-feira a posse de Añez como presidente interina. A corte adotou a interpretação jurídica que contempla um apoio "mínimo constitucional" em um contexto de crise política, para evitar que o país tenha um prolongado vácuo de poder, segundo o analista Carlos Borth.
Na mesma linha, o ex-candidato presidencial Carlos Mesa, que pediu eleições no tempo "mais curto possível", disse que Morales não pode ser habilitado como candidato, pois cometeu um "delito".
— O senhor Morales é autor de um grave delito que é passível a uma sanção penal e a fraude foi cometida contra o país, mas em particular contra mim — disse Mesa, que reivindicava seu direito a um segundo turno, antes de as eleições serem anuladas pelo próprio Morales, após um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) que encontrou "graves" irregularidades no processo eleitoral.