Na primavera de 1990, o estudante alemão Stephan Hoffman, 29 anos, e um amigo, deixaram Frankfurt de carro para uma aventura por um mundo até então pouco conhecido e prestes a desaparecer. O primeiro destino seria Leipzig, na então República Democrática Alemã (RDA). Depois, eles seguiriam até Berlim Oriental, onde, seis meses antes, o Muro fora derrubado a marretadas, ato inaugural de uma frenética sucessão de fatos históricos que culminaria com o colapso do império soviético e o fim da lógica bipolar da Guerra Fria, que, por mais de quatro décadas, pautou as relações políticas, econômicas, sociais e culturais globais. Na altura de Vechta, os dois chegaram a um posto de fronteira onde os guardas tentavam manter o arremedo de autoridade que se liquefazia a cada dia. Houve poucos questionamentos, Stephan recebeu no passaporte um dos últimos carimbos da RDA e, apesar da cara de poucos amigos dos agentes, eles passaram sem problemas para o lado comunista. Os dois levaram quase o dia inteiro na estrada para chegar até Leipzig. Depois, tomaram o rumo Norte, para Berlim. Stephan, hoje com 59 anos, lembra a primeira impressão do mundo socialista que se descortinava.
1898-2019
30 anos depois, marcas do Muro de Berlim são cada vez mais visíveis
No trigésimo aniversário, um dos acontecimentos mais impactantes do século 20 ainda ecoa, seja nas diferenças entre os lados Leste e Oeste, seja nas divisões que ainda são provocadas pela intolerância
Rodrigo Lopes
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