Uma greve geral convocada por manifestantes antigoverno foi convocada para esta segunda-feira (5) em Hong Kong, provocando caos no transporte público e cancelando diversos voos internacionais. O governo local alerta para uma "situação muito perigosa" devido aos protestos, que já duram dois meses.
Ativistas ocuparam estações de metrô e deixaram as portas dos trens abertas, o que impediu a circulação dos veículos, com direito a muitos gritos e algumas brigas nos meios de transporte lotados. Em várias partes da cidade os manifestantes também bloquearam o tráfego de carros e provocaram muitos engarrafamentos.
A polícia usou gás lacrimogêneo para tentar dispersar os manifestantes que bloqueavam uma avenida no bairro de Wong Tai Sin. No aeroporto de Hong Kong — um dos mais movimentados do mundo —, mais de 100 voos foram cancelados.
Com milhares de pessoas impedidas de chegar ao trabalho, a chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, convocou uma entrevista coletiva e deixou evidente a disposição de endurecer ainda mais sua posição.
— Eu diria que (os manifestantes) estão tentando derrubar Hong Kong, destruir por completo a vida de mais de 7 milhões de pessoas — declarou Lam.
Ela afirmou que a atitude intransigente dos "jovens radicais" está levando Hong Kong, um importante centro financeiro, para uma situação "muito perigosa". Lam disse que "o governo será enérgico na manutenção da lei e da ordem para restaurar a confiança".
— Ações tão grandes em nome de certas demandas (...) minam seriamente a lei a a ordem de Hong Kong. E estão levando nossa cidade, uma cidade que todos amamos, à beira de uma situação muito perigosa — completou.
Em uma jornada caótica, a população estava dividida: alguns passageiros não escondiam a irritação, enquanto outros expressavam apoio aos protestos, após mais de dois meses de manifestações para exigir a garantia de liberdades democráticas.
Os protestos começaram depois que o governo local apresentou um projeto de lei — atualmente suspenso — que permitia a extradição de detentos à China continental. Em pouco tempo, no entanto, as manifestações passaram a adotar demandas mais amplas.
A greve convocada para esta segunda-feira pretende mostrar ao governo da China que o movimento ainda tem apoio popular. Os manifestantes ocupam as ruas há dois meses, mas até agora conseguiram poucas concessões do poder político.